O presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, afirmou esta sexta-feira que o partido não vê com bons olhos a nacionalização da Efacec e disse esperar que o Estado venda a empresa em breve sem prejuízo para os contribuintes.

Em Viana do Castelo, à margem de uma visita aos estaleiros da West Sea, Francisco Rodrigues dos Santos sublinhou que a Efacec apresenta “prejuízos problemáticos” há 10 anos consecutivos e não é sustentável no futuro.

“O CDS não vê com bons olhos esta nacionalização, não quer saudosismos dos tempos do PREC, e tem até alguma esperança, no meio deste cenário dramático, que isto só tenha acontecido se houver já programada uma venda futura, breve, a curto prazo, que garanta por parte do Estado que não há prejuízo nenhum para os contribuintes”, referiu.

O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira o decreto de lei para nacionalizar 71,73% do capital social da Efacec.

“A intervenção do Estado procura viabilizar a continuidade da empresa, garantindo a estabilidade do seu valor financeiro e operacional e permitindo a salvaguarda dos cerca de 2.500 postos de trabalho”, justificou a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva.

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De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, “a intervenção do Estado deve ainda ser feita por período restrito no tempo e com vista à resolução temporária da respetiva situação, estando prevista a sua imediata reprivatização, a executar no mais curto prazo possível”.

Este processo decorre da saída de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos do capital da Efacec, na sequência do envolvimento do seu nome no caso “Luanda Leaks”, no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou, a 19 de janeiro passado, mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária e do marido que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.

Para o líder do CDS, “o Estado português não deve ser proprietário de nenhuma empresa tecnológica informática, ainda por cima quando não tem nela nenhum interesse económico e quando a mesma apresenta resultados problemáticos há 10 anos consecutivos”.

Sublinhou que a Efacec não é “uma empresa sustentável no futuro, baseada em tecnologia de ponta que seja competitiva”, apresentando-se “absolutamente obsoleta” nas várias disciplinas, à exceção dos carregadores.

Para Rodrigues dos Santos, “empresas a passar dificuldades em Portugal há aos milhares”.

“Tem de haver uma estratégia uniformizada de apoio ao tecido empresarial, que não passa por nacionalizações”, disse ainda.