A Associação Portuguesa de Telemedicina (APT) e duas investigadoras estão a realizar um estudo sobre a utilização da teleconsulta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante a pandemia de Covid-19.

O objetivo é analisar a opinião de médicos e utentes, e averiguar a viabilidade da teleconsulta como alternativa regular à consulta presencial após a pandemia.

“Com a Covid-19, tudo se alterou em função do teletrabalho e dos condicionamentos quer dos utentes, quer dos médicos e dos outros profissionais. Percebemos que houve uma explosão enorme dos contactos virtuais entre os médicos e os utentes”, disse à agência Lusa Pedro Roldão, da direção da APT.

Com o estudo, a APT pretende “analisar quais os meios, as plataformas, de que forma foi feita a comunicação e como foram organizados os serviços”, para “tentar compreender este fenómeno”, frisou.

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Nesse âmbito, está a ser realizado um inquérito aos médicos do SNS e um inquérito aos utentes de um hospital de Lisboa.

“No que respeita ao inquérito aos médicos, apoiamo-nos na Ordem dos Médicos. Em relação aos utentes, vamos ter uma amostragem pequena num hospital de Lisboa”, contou.

Pedro Roldão estima que o estudo possa estar concluído no prazo de três meses.

“No primeiro dia que foi lançado o inquérito (na quarta-feira) tivemos uma adesão significativa da parte dos médicos, com 1.400 respostas”, frisou.

Daqui a um ano, será feito um balanço para “saber o que é que mudou, se efetivamente esta febre vai perdurar e de que forma é que tem implicações na organização dos cuidados de saúde”, explicou.

No entender da APT, colocam-se “vários desafios, visto que na maioria das instituições a teleconsulta não era uma atividade usual e organizada, não existindo, portanto, instalações, plataformas ou tecnologias próprias, nem uma experiência prática por parte da maioria dos médicos, enfermeiros e outros profissionais que asseguram apoio técnico”.

“Esta atividade partiu, na maioria dos casos, de um esforço individual, criativo e algo experimental de todos os intervenientes, utilizando da melhor forma os meios existentes”, considera.

O estudo está a ser desenvolvido pela APT, em colaboração com duas médicas investigadoras do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Catarina O’Neill e Margarida V. Matias.

A APT atua no âmbito das ciências da vida e da saúde, e integra profissionais de diferentes áreas do conhecimento científico e técnico, que têm o objetivo comum da promoção, apoio, desenvolvimento e implantação da telemedicina e da telesaúde.