O Sindicato Nacional dos Professores (Sinprof) angolano considerou esta segunda-feira que a Covid-19 veio “destapar as debilidades” das infraestruturas escolares do país, afirmando que “não há condições” para o reinício às aulas, previsto para 13 de julho.
Os professores angolanos propõem o recomeço das aulas para setembro “tendo em conta o evoluir da pandemia no país”.
Segundo o secretário-geral do Sinprof, Admar Jinguma, o posicionamento dos docentes decorre de visitas a escolas do país, “onde foram verificadas falta de condições de biossegurança para os alunos, professores e administrativos“.
“Aliás, estava claro, desde o início que essas condições não seriam criadas, porque não seria possível em 45 dias o Ministério da Educação criar condições que o executivo nunca conseguiu criar neste tempo todo”, disse o responsável sindical, em declarações à Lusa, nesta segunda-feira.
Para o líder sindical, as condições que o país vive, imposta pela Covid-19, “veio apenas destapar o véu para o tipo de escolas” que o país tem. “Não falo do sistema educativo em si, mas do tipo de escolas que temos”, comentou.
Em relação à garantia de água para higienização dos alunos e demais intervenientes do setor, Admar Jinguma afirmou que no país há “poucas escolas com água corrente” e, nas que têm, “a água não jorra com frequência”.
“Portanto, dificilmente essas condições seriam criadas e ainda bem que os governadores províncias foram perentórios em dizer que não tinham recursos para a criação das condições necessárias para o retorno às aulas”, notou.
As aulas no ensino geral e universitário em Angola foram suspensas em março, antes do Presidente angolano, João Lourenço, declarar o estado de emergência, que decorreu entre 27 de março e 25 de maio.
Angola, que vive desde 26 de maio em situação de calamidade pública, conta com 353 casos positivos de Covid-19, sendo 226 ativos, 108 recuperados e 19 óbitos.
Mais de 50 casos positivos em Angola, sobretudo em Luanda, estão com “vínculo epidemiológico por identificar”.
O decreto que determina situação de calamidade pública prevê o reinício da atividade no ensino superior e no segundo ciclo do ensino secundário a partir de 13 de julho, embora “dependente da evolução da situação epidemiológica”.
Admar Jinguma disse ainda que o Sinprof não é contra o retorno às aulas, mas, observou, é importante que o executivo crie todas as condições de segurança. “Com casos desconhecidos estamos praticamente com a circulação comunitária do vírus, e com isso as escolas poderão tornar-se num meio de rápida propagação da doença”, alertou.
A ministra da Saúde angolana, Sílvia Lutucuta, admitiu, no domingo, recuo em algumas medidas de desconfinamento, afirmando que as autoridades poderão protelar o reinício das aulas”.