Os Clã arrancam esta sexta-feira, em Ílhavo, com uma nova digressão para mostrar o álbum “Véspera”, num espírito de entusiasmo pelo regresso aos palcos e de incerteza pela imprevisibilidade da pandemia da Covid-19.

“Estamos animados com esta possibilidade de voltar aos palcos, embora saibamos que é em condições complicadas. Há uma enorme incerteza sobre como estaremos daqui a três meses, como será o inverno, se haverá ou não uma segunda vaga”, afirmou à agência Lusa a vocalista, Manuela Azevedo.

O grupo atua esta sexta-feira no Festival Rádio Faneca, na Praça da Casa da Cultura de Ílhavo, a 18 de julho no Teatro Municipal de Vila do Conde e, no dia 20, no reinaugurado Teatro Maria Matos, em Lisboa.

São apenas três concertos confirmados em julho e que servirão para os Clã mostrarem ao vivo o álbum “Véspera” , que saiu em maio, numa altura em que se vivia ainda num período de confinamento, por causa do novo coronavírus. O álbum estava aprazado para a primavera e Manuela Azevedo conta que o grupo não queria adiá-lo mais, havia necessidade de o partilhar com o público.

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“Véspera” começou a ser composto em finais de 2018, em particular pelo guitarrista Hélder Gonçalves, e contou depois com a entrada, na lírica, de vários convidados, entre os quais Sérgio Godinho, Samuel Úria e Carlos Tê.

Manuela Azevedo conta que, entre todos, letristas e músicos, acabou por haver uma sintonia que ficou plasmada nas canções e que ganha agora nova interpretação em tempo de pandemia. “Esta coisa de, nos últimos anos, o mundo estar a mudar de tal maneira e estarem a surgir ameaças de várias naturezas, desde a poluição do planeta, crises de refugiados, tudo isso nos deixa com uma expectativa em relação ao futuro”, disse.

“Véspera” é “um disco muito franco, muito quase bidimensional nos seus elementos, há uma clareza muito grande no elementos que compõem a canção, há poucas camadas, as coisas estão muito na cara”, descreveu.

Sobre os meses em que, tal como todo o setor artístico e cultural, os Clã tiveram de parar, Manuela Azevedo fala de uma evidência sobre a precariedade dos trabalhadores da cultura.

“Esta coisa de fazer música é uma atividade de risco. Temos de ser aquelas cigarras que cantam e têm de ter espírito de formiga. O facto de o estatuto do trabalhador intermitente não ser reconhecido e protegido faz com que a atividade artística tenha sempre essa desproteção na sua natureza”, sublinhou.