A violação de uma irlandesa de nome Hazel Behan, que se encontrava a trabalhar no Algarve em 2004, é um dos crimes ocorridos na região que as autoridades alemãs querem investigar para perceber se têm alguma relação com Christian Brueckner — o alemão que agora é principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann da Praia da Luz. Segundo confirmou fonte da PJ ao Observador, o crime está já prescrito em Portugal, mas pode ser investigado na Alemanha, uma vez que o suspeito é natural daquele país.

Em 2004, Hazel Behan trabalhava na Praia da Rocha, no Algarve, quando foi atacada por um homem “mascarado” que a violou. Na altura apresentou queixa, mas o suspeito do crime nunca foi encontrado. No último mês, quando começou a ler as notícias sobre Brueckner e sobre o facto de ter sido julgado por um crime semelhante contra uma mulher de 72 anos, também no Algarve, Behan começou a encontrar semelhanças no crime e voltou a contactar as autoridades para que olhassem para o seu processo.

“Fiquei impressionada quando li como ele tinha atacado uma mulher em 2005, tanto as táticas quanto os métodos que ele usou e como ele planeou tudo”, disse ao The Guardian, que avançou a história. “Eu vomitei, para ser sincera, porque ler sobre isso levou-me de volta à minha experiência”, disse.

Quando as polícias portuguesa, alemã e britânica comunicaram que Christian Brueckner estava a ser investigado como possível suspeito do desaparecimento de Maddie e partilharam mesmo o número de telefone que usava à data, em 2007, e que terá ativado uma antena na Praia da Luz por altura do desaparecimento da criança inglesa, as autoridades suscitaram também ajuda. E pediram a todos os que pudessem ter informações sobre os telefones ou sobre crimes sexuais que tivessem sofrido, ou tido conhecimento à data, que comunicassem com a polícia, como o Observador então noticiou.

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É que foi assim que as polícias alemã e portuguesa desvendaram um dos crimes pelos quais Brueckner acabou julgado na Alemanha já em 2019: a violação de uma idosa de 72 anos, em 2007, perto da Praia da Luz. A vítima, norte americana, chegou a apresentar queixa na GNR, mas, à data, não havia bases de dados com perfis de ADN, muito menos a investigação criminal estava evoluída como hoje, e o suspeito não foi encontrado. Houve, no entanto, uma prova encontrada: um cabelo que estava na cama da idosa.

Assim que, em 2017, chegou à polícia alemã a informação de que Brueckner saberia o que aconteceu a Maddie e que até mostrara a alguém, num bar, um vídeo em que violava alguém, as autoridades contactaram de imediato a polícia portuguesa para perceber se havia crimes sexuais por resolver na zona do Algarve que pudessem corresponder aquela descrição. O crime contra a idosa norte americana foi um deles. Mas há mais crimes sexuais ocorridos nessa altura no Algarve que poderão ser investigados na Alemanha, e o de Behan é um deles.

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Fonte da PJ confirmou ao Observador que, à semelhança da cidadã norte-americana, também neste caso a PJ — de mãos atadas porque o caso prescreveu — vai fornecer as provas que tiver à polícia alemã. E serão os alemães a investigar se há ligação a Brueckner.

Quanto a Maddie, não foi divulgada qualquer novidade da investigação que tenta apurar se o suspeito teve qualquer responsabilidade no desaparecimento da criança.