Os empresários de diversão noturna consideram que “não faz sentido” os bares e discotecas, encerrados em março devido à Covid-19, passarem a funcionar como cafés e pastelarias, a partir de sábado, questionando o Governo se quer “aniquilar o setor”.
Em relação às discotecas e aos bares, que laboram única e exclusivamente à noite, não muda nada. Não há aqui nenhuma alteração, não há aqui nenhum benefício, não há aqui nada a declarar”, salientou à agência Lusa José Gouveia, da reativada Associação Nacional de Discotecas.
De acordo com o também porta-voz do movimento “O Silêncio da Noite”, os espaços continuam sem permissão para abrir e os empresários estão à espera dos apoios do Estado para fazer face aos prejuízos provocados pela inatividade dos estabelecimentos de diversão noturna.
Aquilo que nós continuamos a aguardar são os apoios do Estado para a manutenção dos espaços encerrados, porque não se entende – no que está decretado – que as discotecas vão virar pastelarias ou ‘snack-bar’, ou restauração, ou o que seja”, referiu, recordando que o setor encontra-se “no quinto mês com custos e sem receitas” e “as insolvências são diárias”.
José Gouveia, que também é presidente da Associação de Discotecas de Lisboa, interrogou ainda “se o Estado de uma vez por todas quer aniquilar o setor”, uma vez que os empresários estão a atravessar por um período difícil.
Agosto será o sexto mês. É um verão que já está perdido para regiões como o Algarve e outras que são consideradas zonas balneares. Existe uma série de espaços que são polivalentes, mas nunca poderiam trabalhar até as 20h00. Não faz qualquer sentido”, apontou.
Para José Gouveia, não faz qualquer sentido transformar todos os bares e as discotecas em pastelarias e ‘snack-bar’, porque a restauração “não está a viver os seus melhores tempos”.
Nem sequer há clientes para esse ramo. Estamos numa altura de verão em que as pessoas estão de férias. Durante o período de férias, neste horário [abertos até às 20h00], estão nas noutras atividades”, observou.
Os bares e discotecas, encerrados desde março devido à pandemia de Covid-19, vão poder funcionar a partir de sábado, 1 de agosto, como cafés e pastelarias, seguindo as mesmas regras, anunciou esta quinta-feira o Governo.
Em conferência de imprensa após a reunião semanal do Conselho de Ministros, em Lisboa, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, explicou que, no contexto da “situação epidemiológica do país mais controlada”, foi determinada “a possibilidade de os estabelecimentos que são bares na sua origem funcionarem enquanto pastelarias e cafés, seguindo as mesmas regras de distanciamento que estas instituições têm”.
A ministra esclareceu que os bares e discotecas continuam encerrados, permitindo-se apenas que os que queiram funcionar como cafés e pastelarias o possam fazer “sem alterar a sua atividade” oficialmente, como estava a acontecer.
Se e quando queiram funcionar numa outra categoria que existe e tem semelhanças do ponto de vista da organização dos espaços, podem fazê-lo sem alterar a sua atividade”, referiu.
Os bares e discotecas que optem por esta possibilidade podem funcionar até às 20h00 na Área Metropolitana de Lisboa e até às 01h00 (com limite de entrada às 24h00) no resto do território continental, como a restauração.
Associação de Bares da Zona Histórica do Porto fala em “equívoco legislativo”
O presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto classificou esta quinta-feira de “equívoco legislativo” a decisão do Governo de mandar funcionar os bares e discotecas como cafés e pastelarias a partir deste sábado, devido à Covid-19.
Para mim é um equívoco legislativo. É de quem não sabe o que está a fazer. De quem não sabe o que é que há de fazer, quando no fundo bastava falar connosco e aceitar as propostas. As nossas propostas mantêm-se e há verbas para isso”, declarou António Fonseca, presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP) e presidente também presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto.
Em conferência de imprensa, após a reunião semanal do Conselho de Ministros, em Lisboa, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, explicou que, no contexto da “situação epidemiológica do país mais controlada”, foi determinada “a possibilidade de os estabelecimentos que são bares na sua origem funcionarem enquanto pastelarias e cafés, seguindo as mesmas regras de distanciamento que estas instituições têm”.
A ministra esclareceu que os bares e discotecas, que estão encerrados desde março devido à pandemia de Covid-19, continuam encerrados, permitindo-se apenas que os que queiram funcionar como cafés e pastelarias o possam fazer “sem alterar a sua atividade” oficialmente, como estava a acontecer.
Para António Fonseca, o que Governo acaba de apresentar “não tem nexo”.
O que Governo acaba de apresentar não tem nexo .E mais, É uma ratoeira para alguns empresários que vão tentar abrir e vão-se enterrar e vão contribuir para o encerramento do estabelecimento e para o desemprego. Isto é anedótico, ou seja, é um equívoco”, criticou o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto.
As empresas do setor de diversão noturna têm ficado de fora das diferentes etapas do plano de desconfinamento no âmbito da pandemia da Covid-19, tendo o primeiro-ministro justificado anteriormente esta decisão com a impossibilidade de afastamento físico nestes espaços.
O setor tem lamentado a falta de apoios do Governo e houve mesmo empresários da noite do Porto que se manifestaram dia 6 de junho no Porto para reivindicar a abertura do setor, que está fechado desde março devido à pandemia de Covid-19.
Associação APHORT diz que medidas para bares e discotecas “pecam por tardias”
A Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT) considera que as medidas anunciadas esta quinta-feira pelo Governo para os bares e discotecas “pecam por tardia”, sublinhando que os empresários devem reinventar-se.
Num comunicado divulgado esta quinta-feira, a APHORT referiu que há mais de um mês lançou o desafio aos empresários de diversão noturna de reabrirem com regras semelhantes às dos cafés e das casas de chá.
Se, por um lado, esta situação vem provar que a interpretação que a APHORT estava a fazer da lei estava correta, por outro lado, a associação não compreende porque é que o executivo demorou tanto tempo a chegar à mesma conclusão”, observou o presidente da associação, Rodrigo Pinto Barros.
Citado na nota, o representante afirmou que “estas medidas agora anunciadas pecam por tardias” e que a associação sempre “se mostrou disponível e cooperante com vários ministérios e autoridades de saúde” para encontrar uma solução face ao contexto pandémico.
A associação realçou ainda que “esta situação vem trazer aos bares e discotecas um desafio idêntico ao que foi colocado aos setores da hotelaria e da restauração, que tiveram de se reinventar e criar uma nova dinâmica de funcionamento”.
Ao contrário da APHORT, a Associação Nacional de Discotecas considera que “não faz sentido” os bares e discotecas, encerrados em março devido à Covid-19, passarem a funcionar como cafés e pastelarias, questionando o Governo se quer “aniquilar o setor”.
Em relação às discotecas e aos bares, que laboram única e exclusivamente à noite, não muda nada. Não há aqui nenhuma alteração, não há aqui nenhum benefício, não há aqui nada a declarar”, salientou à agência Lusa José Gouveia, da reativada Associação Nacional de Discotecas.