Depois de, no início de abril, ter pedido a demissão da liderança do Chega com o objetivo de “clarificar” o tipo de liderança que os militantes do partido pretendem, André Ventura anuncia agora que será mesmo recandidato à frente do partido. Ventura diz que “este não é o momento para transformações” naquilo que é o partido.
“Estamos a fazer uma revolução democrática e não temos o direito de a destruir”, disse o líder demissionário do partido, considerando por isso que “não é um momento de desistência”, para se lançar como candidato às eleições de 05 de setembro.
Na Ortigosa, no concelho de Leiria, num jantar da distrital do Chega Leiria que, segundo a organização juntou 800 participantes de vários pontos do país, André Ventura assumiu ter sido “quase ‘feito’ em laboratório” para enfrentar os ataques ao partido.
“Nunca nos vão calar”, disse o deputado, que prometeu “lutar até à morte por Portugal” e contra quem quer “transformar o Chega num partido banal do sistema, minado de corrupção e compadrio”.
“Não que ache que tenha de ser líder do Chega para sempre. Mas este não é o momento de transformações deste projeto. O país não perceberá que um partido como o Chega se perca em lutas internas”, disse em Leiria.
Na noite que serviu para comemorar o primeiro aniversário do Chega, André Ventura abordou também o anúncio de suspensão do mandato na Assembleia da República, para se dedicar às campanhas eleitorais da região dos Açores e das presidenciais.
“Ficou todo o parlamento a dizer: ‘se ele se quer candidatar, tem de deixar de ser deputado’. Eles queriam, até sonhavam com isso! Uma coisa eu vos prometo: eu só saio daquele parlamento quando metade daquela esquerda tiver corrida dali para fora!”.
Numa noite em que disparou para todo o lado, recusando coligações com PSD e CDS e apontando à ultrapassagem ao BE e até ao PS, André Ventura voltou a referir-se à deputada não inscrita Joacine Katar Moreira: “se há deputados que acham que devemos devolver a arte a outros países, voltamos a dizer: elas que vão para os países delas, porque é lá que fazem falta”.
“Quando nos chamarem racistas, diremos ‘somos aqueles que trabalham’; quando nos chamarem fascistas, diremos ‘somos aqueles que respeitam a nossa história’; e quando nos chamarem extremistas, diremos ‘o nosso único extremo é lutar por este país'”, acrescentou.
Também Marcelo Rebelo de Sousa, adversário de André Ventura nas presidenciais, esteve debaixo de fogo em Leiria, sendo classificado como “uma espécie de máquina de apurar”.
“A frase que Marcelo Rebelo de Sousa mais diz é ‘temos de apurar’. Se agora explodisse isto tudo, amanhã Marcelo dizia ‘temos de apurar’. Ricardo Salgado e você [Marcelo] a irem juntos para o Brasil? ‘Temos de apurar’. Esta história do seu irmão andar a fazer negócios nas suas viagens? ‘Temos de apurar’. António Costa nomear familiares para o Governo? ‘Temos de apurar’. Tancos? ‘Não sei nada disso, temos de apurar’. Temos de apurar tudo”.
No evento esteve também Maria Vieira, mandatária de Ventura junto das comunidades portuguesas. “Este homem [André Ventura] luta todos os dias para mudar Portugal e nós vamos ser o seu exército”, disse.
Lembrando papel de Leiria na história de Portugal e na Reconquista da Península Ibérica, a mandatária fez aquilo a que chamou “uma singela comparação”: “O dr. André Ventura que é o D. Afonso Henriques do século XXI, o grande líder que o nosso país vinha precisando há muito tempo!”.