André Ventura vai apresentar a demissão de líder do partido Chega e já terá revelado essa intenção aos que lhe são mais próximos na estrutura do partido, apurou o Observador. A comunicação oficial aos militantes deverá ser feita na próxima semana. O deputado também já fez saber que vai convocar eleições para a liderança em setembro.

Segundo fonte do Chega, próxima de André Ventura, as críticas – que já se começavam a fazer ouvir nos últimos meses – agravaram-se com a decisão do deputado optar pela abstenção na votação do decreto presidencial para a renovação do estado de emergência. Isto depois de ter votado a favor deste regime de excecionalidade a 18 de Março.

“O Chega foi o primeiro partido a defender a declaração do estado de emergência para responder ao surto de Covid-19. Por isso, parte do partido achou que ele foi intransigente quando optou pela abstenção só porque tinha reservas quanto à ideia de libertação de reclusos”, explica ao Observador fonte do partido.

As vozes críticas não foram sensíveis aos argumentos do deputado único no debate parlamentar: “O Chega entende que um estado de emergência deve ser para controlar uma pandemia e não para gerar o pandemónio nas nossas cidades e nas nossas terras”. O Observador sabe que desde quinta-feira “choveram mensagens e telefonemas com críticas e acusações”, o que terá precipitado a decisão de bater com a porta de André Ventura. Em Setembro, mas ainda sem data marcada, vai reunir-se o Conselho Nacional e “clarificar que liderança o Chega quer”.

Não é a primeira vez que surgem notícias de mau ambiente interno no partido Chega. Numa mensagem via WhatsApp a que a revista Sábado teve acesso, enviada às distritais a 24 de Fevereiro, André Ventura desabafava: “Estou cansado disto. Ando pelo país a explicar às pessoas que somos diferentes, às vezes com horas de viagem e minutos de sono, e o que oiço, a quilómetros de distância, é: já viu o que está escrito nesta página do Chega? E nesta página deste dirigente? Se este ambiente continua no partido, demito-me antes do verão. Não estou para isto!”

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