A candidata da oposição bielorrussa Svetlana Tikhanovskaïa apelou este domingo a um escrutínio honesto, após uma campanha marcada pela ascensão surpresa desta rival do Presidente cessante Alexandre Lukachenko e uma vaga de repressão.

“Quero verdadeiramente uma eleição honesta, é a isso que apelo”, disse aos jornalistas, após ter votado em Minsk.

A candidata, 37 anos, que denunciou nos últimos dias “fraudes vergonhosas”, assegurou que o poder nada tem “a temer”. “Se todo o povo apoiar realmente Alexander Gregoryevich (Lukashenko), reconhecê-lo-emos”, adiantou.

Segundo a equipa da opositora, o voto antecipado entre terça-feira e sábado foi ocasião para numerosas fraudes. Os representantes da oposição enfrentaram a repressão, tendo no sábado sido presa a diretora de campanha de Tikhanovskaia, Maria Moroz.

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Principal rival de Lukachenko, Tikhanovskaia fez uma campanha que mobilizou multidões nunca vistas na história recente da Bielorrússia.

Lukachenko, 65 anos, que tenta um sexto mandato, sempre afirmou que uma mulher não pode ser Presidente da Bielorrússia e não vê a opositora como rival.

“Eu não considero essa pessoa como o meu principal adversário. Vocês (os ‘media’) é que fizeram dela a minha maior rival. Ela própria reconheceu que não sabe onde está ou o que fazer”, disse hoje aos jornalistas o Presidente cessante.

Lukachenko também criticou os planos da rival de, em caso de vitória, convocar novas presidenciais a que todos possam concorrer, incluindo o Presidente cessante, assim como de libertar todos os presos políticos, que designou de criminosos, delinquentes económicos e toxicodependentes.

Mulher de Serguei Tikhanovski, um ‘blogger’ que se quis candidatar às presidenciais e que está preso desde maio, Svetlana Tikhanoskaia conta com o apoio de outras mulheres, como a mulher de Valeri Tsepkalo, cuja candidatura a estas eleições foi rejeitada e que se exilou, e Maria Kolesnikova, ex-diretora de campanha do candidato Viktor Babariko, também detido.

A candidata pediu ainda aos bielorrussos para não recorrerem à violência após o encerramento das urnas.

Segundo as autoridades eleitorais, mais de 65% dos bielorrussos tinha votado até às 14:00 locais (12:00 em Lisboa).

Além da ausência de observadores ocidentais, a oposição denunciou hoje o bloqueio da Internet, que os críticos de Lukachenko dizem visar evitar uma contagem paralela dos votos e a mobilização dos opositores através das redes sociais.

Quase sete milhões de bielorrussos foram chamados às urnas e a votação decorre até às 20:00 (18:00 em Lisboa).