Nem sim, nem não. A realização da Festa do Avante ainda está sob avaliação e a Direção-Geral da Saúde ainda está à espera de respostas a questões colocadas pelo promotor do espetáculo. A única informação avançada pela ministra da Saúde, na conferência de imprensa desta quarta-feira, é que apesar da lotação do espaço no Seixal ser de 100 mil pessoas, esse número terá que ser reduzido face as circunstâncias da pandemia.
Marta Temido explicou que essa lotação está prevista na licença de utilização e que é por isso o número avançado para o espetáculo, no entanto, garante, o promotor está consciente de que nesta fase esse número de pessoas num espetáculo nunca poderá ser permitido. Certo é que, segundo diz, “não se vai permitir o que é permitido, nem coibir o que é permitido”, afirma, numa declaração subscrita pelo subdiretor geral da saúde, Rui Portugal, — que apenas confirmou que a própria DGS ainda não respondeu a todas as questões sobre as regras que devem ser tidas em conta num evento desta natureza.
“Tem estado a ser realizado um trabalho técnico. O que posso dizer é que não haverá exceções”, disse Marta Temido, sublinhando que a organização engloba áreas diversas e que há já espetáculos culturais a funcionar, assim como transportes públicos e mesmo restaurantes, mostrando as dificuldades em proibir a realização do evento, mas mostrando que terão obviamente que haver regras. “Ninguém entenderia riscos adicionais, mas também ninguém entenderia que impuséssemos deveres adicionais”, disse.
Rui Portugal, por seu turno, não se alongou muito mais no tema. “É uma avaliação de caráter técnico, há perguntas realizadas pela DGS que estão a ser respondidas pela entidade promotora. Está a ser conversado”, afirmando que a complexidade do evento faz com que tudo seja mais demorado.
Ainda na conferência, Marta Temido foi confrontada sobre a vacina russa anunciada esta semana. “Devemos ter muito presente aquilo que são as recomendações e a leitura da OMS a este propósito”, disse. A governante lembrou que “é muito importante acelerar a investigação”, mas que não se pode neste processo “sacrificar nem a segurança nem a eficácia terapêutica”. E se a terceira fase de testes clínicos não foi “completamente realizada ainda”, então pode estar em causa a segurança do medicamento — lembrando que há um regulador e assim que houver uma vacina segura ela será comercializada em Portugal. O que interessa é que quando tivernmps a vacina, ela é segura, ela é eficaz e responsa às necessidades dos portugueses
Quanto aos números, e no dia em que se registaram 278 novos casos de infeção pelo novo coronavírus no país e três mortes (com mais de 80 anos), Marta Temido lembrou existem neste momento 12.519 casos ativos no país e que há a considerar 161 surtos. Ou seja, circunstâncias em que os casos ativos estão ligados a uma circunstância comum: 42 na região norte, 8 na região centro, 82 Lisboa e Vale do Tejo, 13 na região do Alentejo e 16 no Algarve, revela a ministra da Saúde.
A Norte registou-se também um aumento de casos. “Isso deve-se a situações de surtos numa área geográfica especifica, e que coincide com o agrupamento dos centros de Saúde de Póvoa do Varzim e Vila do Conde”, disse.
A ministra da Saúde deu também nota que dos últimos dados do Instituto Nacional Ricardo Jorge o Índice de Transmissibilidade efetivo (RT), para os dias entre 3 e 7 de agosto, se situa no 0,99. Significa abaixo de 1, “mas que a tendência decrescente dos últimos dias está a ter uma ligeira inversão”.
Já a taxa de incidência de novos casos dos últimos sete dias é de 13,4 por cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias é de 25,4 por 100 mil habitantes.