A Grande Loja Feminina de Portugal (GLFP) mostrou-se este domingo preocupada com “o aparecimento de ocorrências de natureza racista, cada vez mais insidiosas” em Portugal, associando-se “a todos os que veem no racismo uma ameaça aos valores humanistas”.

“O aparecimento de ocorrências de natureza racista, cada vez mais insidiosas, que nesta semana culminaram com a ameaça a individualidades portuguesas, entre elas deputadas da Nação, preocupa sobremaneira a nossa Obediência, porque vai contra os princípios que defendemos”, refere a única obediência maçónica portuguesa exclusivamente feminina, num comunicado hoje enviado à agência Lusa.

Esta semana, três deputadas e sete ativistas foram alvo de ameaças por uma autoproclamada “Nova Ordem de Avis — Resistência Nacional”, que reivindicou também uma ação junto à associação SOS Racismo.

Na quinta-feira, o Ministério Público instaurou um inquérito-crime, um dia depois de o dirigente da SOS Racismo Mamadou Ba ter prestado declarações na Polícia Judiciária e ter confirmado a receção, juntamente com mais nove pessoas, de uma mensagem de correio eletrónico a estipular o prazo de 48 horas para abandonar o país.

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A GLFP considera “estes acontecimentos como a manifestação de uma ideologia, que não respeita a Declaração dos Direitos Humanos, em que a sociedade portuguesa tem querido viver e conviver”.

“A Grande Loja Feminina de Portugal vem associar-se a todos os que veem no racismo uma ameaça aos valores humanistas, que nos unem e definem. Somos contra qualquer tipo de violência que ponha em causa a liberdade individual, somos contra a linguagem que evidencia e promove a violência contra a humanidade”, lê-se no comunicado.

As mulheres que fazem parte da GLFP salientam estarem “solidárias com todas e todos que se sentem ameaçados com gestos racistas que aliás estão bem repudiados na lei constitucional” portuguesa.

Hoje à tarde, centenas de pessoas manifestaram-se em Lisboa, no Largo Camões, contra o fascismo, o racismo e pela liberdade e direitos cívicos, num protesto que quem lá estava disse ser necessário pelo crescente à-vontade com que a extrema-direita se sente para cometer crimes.

No Porto, foram cerca de trezentas as pessoas que participaram, também durante a tarde de hoje, numa concentração contra “tentativas de intimidação” a três deputadas e a sete ativistas antifascistas e antirracistas.

Entre os manifestantes concentrados no Porto encontrava-se Luís Lisboa, coordenador do núcleo de Guimarães da Frente Unitária Antifascista (FUA), um dos primeiros ativistas a formalizar queixa-crime pelas ameaças que recebeu e que disse encontrar-se já sob proteção policial.