O Vaticano confirmou esta quarta-feira que os católicos continuam proibidos de aderir à maçonaria. Segundo o jornal Vatican News, o Dicastério para a Doutrina da Fé, num documento assinado pelo Cardeal Victor Fernandéz, e aprovado pelo Papa Francisco, reafirmou que os fiéis estão proibidos de fazer parte da organização. Em comunicado, o Grande Oriente Lusitano, em representação da maçonaria portuguesa, lamenta o posicionamento da Igreja Católica e afirma que não encontra “qualquer manifestação de antagonismo entre duas instituições que visam, em muitas áreas da vida, alcançar resultados idênticos, como seja a defesa dos mais desfavorecidos e a procura de elevados ideais de espiritualidade”.

A questão surgiu a propósito de um relato de D. Julito Cortes, um bispo filipino. “Depois de explicar com preocupação a situação na sua diocese, devido ao aumento contínuo do número de membros da maçonaria, [D. Cortes] pediu sugestões sobre como lidar adequadamente com esta realidade do ponto de vista pastoral, tendo também em conta as implicações doutrinais”, informa o Vaticano. Em resposta, o dicastério reitera que “a adesão ativa à maçonaria por parte de um fiel é proibida, devido à irreconciliabilidade” entre as duas doutrinas.

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Por conseguinte, explica a nota oficial do Vaticano, “aqueles que formal e conscientemente são membros de lojas maçónicas e abraçaram os princípios maçónicos são abrangidos”. Em 1983, foi emitida a declaração em que a proibição aplicável aos fiéis e membros do clero da Igreja Católica ficou estabelecida.

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A representação da maçonaria portuguesa reagiu em comunicado às declarações do Vaticano, lamentando “que persista na hierarquia da Igreja Católica uma visão infundada que não corresponde minimamente à realidade”. Defende que o Grande Oriente Lusitano  “acolheu e acolhe no seu seio não só importantes figuras da Igreja Católica, mas também simples fiéis católicos que não encontram qualquer manifestação de antagonismo entre duas instituições que visam, em muitas áreas da vida, alcançar resultados idênticos, como seja a defesa dos mais desfavorecidos e a procura de elevados ideais de espiritualidade”.

Os maçons sublinham que olham para o Papa Francisco “como um defensor da abertura da Igreja a novas perspetivas e novas manifestações de tolerância, sendo que esta não deve ser exclusivamente voltada para dentro”. Assim, não percebem “que uma instituição que defende desde a sua origem, desde há mais de 300 anos, os valores da Fraternidade, da Solidariedade e da Verdade, bem como os princípios da Tolerância e da Liberdade de Consciência, possa conflituar com qualquer outra que seja integrada por homens e mulheres de bem aos quais repugnam quaisquer atos contrários à dignidade humana”.