“A reação de alguns internautas estrangeiros demonstra o ressabiamento que existe lá fora”, escreveu o Global Times, um meio de comunicação controlado pelo regime chinês, devolvendo as críticas que vários jornais do Ocidente, como o britânico Daily Telegraph, fizeram às imagens da festa na piscina que juntou milhares de pessoas em Wuhan, cidade chinesa onde foi pela primeira vez identificado o novo coronavírus.
A cidade de Wuhan está, nesta fase, “a receber um grande fluxo de turistas, a economia está a reavivar-se e os residentes locais veem [na festa] um sinal do regresso à normalidade na cidade, além de demonstrar aos países que estão a gerir o vírus que aplicar medidas rígidas de prevenção dá frutos”. O texto do Global Times é uma ronda de reações no Twitter, positivas e negativas, acerca das imagens que foram se tornaram virais, em todo o mundo, depois de a agência France Press as partilhar nas suas redes sociais. Mas o título escolhido para a peça não deixa margem para ambiguidade na posição que é assumida: “Os ataques online aos festejos no festival de música de Wuhan demonstram um ressabiamento por parte dos estrangeiros”.
O artigo recorda que os cidadãos de Wuhan foram colocados em confinamento rígido durante 76 dias e cita um utilizador do Twitter, um anónimo, que terá comentado: “Eles [os participantes na festa] sofreram duramente, agora que superaram têm direito a celebrar o seu sucesso no esmagamento do surto”.
O Daily Telegraph fez primeira página com a “Grande Festa Chinesa”, enquanto “o mundo paga os custos do vírus”.
FRONT PAGE ????
Read today's paper: https://t.co/H9DzehmZVI pic.twitter.com/5ygCfbwLQ8— The Daily Telegraph (@dailytelegraph) August 18, 2020
Este fim de semana realizou-se em Wuhan, na China, uma festa de música eletrónica com milhares de pessoas. O novo coronavírus foi detetado pela primeira vez, em dezembro, naquela cidade, onde 81.171 pessoas terão sido infetadas e 3.869 terão morrido. A festa realizada no sábado, dia 15, no Maya Beach Water Park — que reabriu em junho e tem a capacidade limitada a 50% — gerou polémica nas redes sociais.