Bruno de Carvalho, Jorge Jesus e Edward Snowden são alguns dos nomes que constam na lista de testemunhas chamadas por Rui Pinto. O alegado hacker arrolou 45 testemunhas para o defenderem no julgamento que vai arrancar no próximo dia 4 de setembro, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, segundo a contestação da defesa a que o Observador teve acesso.

Um dos maiores destaques da lista é Edward Snowden, whistleblower e antigo analista da Agência de Segurança Nacional norte-americana que, em 2013, divulgou informações secretas de segurança dos EUA e revelou alguns dos programas ilegais de espionagem que o país usava contra os próprios cidadãos norte-americanos. Segundo o Expresso, a defensa de Rui Pinto vai pedir que Snowden seja ouvido por videoconferência, uma vez que se encontra no estrangeiro e é alvo de um mandado de captura

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A ex-eurodeputada Ana Gomes, que tem sido uma das maiores defensoras públicas do arguido, será a primeira das 45 testemunhas a ser ouvida. O antigo ministro Miguel Poiares Maduro, um dos signatários de um manifesto de março que pedia a libertação de Rui Pinto, também foi arrolado. O fundador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, que também se mostrou contra a prisão do hacker, foi igualmente chamado.

O atual treinador do Benfica, Jorge Jesus, o ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, o treinador Octávio Machado também foram chamados para testemunhar. O diretor da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, e o jornalista e ativista angolano Rafael Marques constam igualmente na lista, bem como Nélio Lucas, o fundador da Doyen Sports, o fundo de investimento que foi um dos principais alvos de Rui Pinto e que terá tentado extorquir.

Na contestação de 130 páginas entregue no tribunal, Rui Pinto confirma que está a colaborar com as autoridades francesas, suíças e belgas em várias investigações, além das autoridades nacionais — uma cooperação que fez com que fosse libertado recentemente.

Rui Pinto estava em prisão preventiva desde 22 de março de 2019 e foi colocado em prisão domiciliária a 8 de abril deste ano, mas em habitações disponibilizadas pela PJ. Na sequência de um requerimento apresentado pela defesa do arguido, a juíza Margarida Alves, presidente do coletivo de juízes que vai julgar Rui Pinto, decidiu colocá-lo em liberdade. O alegado pirata informático deixou as instalações da PJ no início de agosto. Ficou agora inserido no programa de proteção de testemunhas, sendo obrigado a apresentações semanais às autoridades.

Rui Pinto começa a ser julgado em 4 de setembro no Tribunal Central Criminal de Lisboa por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.