Turmas “bolha”, horários desfasados, novos espaços e outros encerrados para minimizar o contacto são algumas das mudanças que esperam os alunos numa das muitas escolas que reabrem no primeiro dia de setembro.
É já na terça-feira que a Escola Alemã de Lisboa, à semelhança de outras escolas internacionais, creches e alguns colégios privados, começa a receber os primeiros alunos e a um dia da reabertura ultimam-se os preparativos.
O novo ano letivo arranca numa altura em que a pandemia de Covid-19 continua a afetar milhões de pessoas no mundo e, por isso, foram muitas as mudanças que os estabelecimentos de ensino tiveram de implementar para poder reabrir em segurança.
Na Escola Alemã, que conta com cerca de mil crianças desde o jardim de infância até jovens do 12.º ano, uma dessas mudanças verifica-se na organização dos alunos e dos espaços, com os alunos divididos em turmas “bolha”.
“Temos este conceito das bubbles (bolhas, em português), que consiste em definir grupos que não se vão encontrar“, explicou à Lusa a diretora da escola, Teresa Salgueiro Lenze, acrescentando que o objetivo é minimizar o risco de contágio e conseguir manter a escola aberta o máximo possível.
Estes grupos vão ter horários definidos de entrada e saída da escola e cada ano de escolaridade tem uma área específica para aproveitar os intervalos, que serão intercalados, de forma a não se cruzarem com os colegas.
A dimensão do campus de Telheiras, em Lisboa, permitiu à escola fazer esta gestão dos espaços, maximizando a distância entre as diferentes turmas, e permitiu também instalar estruturas temporárias para criar novas áreas.
Um dos meios que implementámos foi o distanciamento, então tivemos de criar espaço. Graças ao grande espaço que temos, foi possível alugar contentores e, por exemplo, a sala dos professores agora é dividida em três partes”, referiu a diretora.
Além da sala de professores, também a cantina conta agora com uma nova área e no lugar da antiga esplanada junto à piscina exterior da escola está agora um contentor com mesas individuais para os estudantes que optarem por levar almoço de casa.
Já no refeitório, que também vai funcionar com horários desfasados, o número de lugares por mesa foi reduzido para assegurar um maior distanciamento, foram instalados acrílicos e, na sala ao lado, no auditório onde habitualmente se realizam eventos que este ano não serão possíveis foram colocadas mais mesas.
Por outro lado, algumas áreas foram encerradas, como a biblioteca e a piscina, e outras limitadas, como o ginásio.
À semelhança de outras, na Escola Alemã de Lisboa o ano letivo arranca duas semanas antes do previsto para as escolas públicas e, por isso, o tempo para se reajustarem as novas regras de segurança impostas no contexto da pandemia foi menor, mas na altura de operacionalizar aquilo que são as normas do Ministério da Educação e da Direção-Geral da Saúde, a instituição contou com o apoio do médico escolar.
Ao longo das últimas semanas, Volker Dieudonné participou na elaboração do plano de contingência, que vai desde as regras de segurança aos procedimentos a adotar caso seja identificado um caso suspeito na escola.
À Lusa, com quem falou excecionalmente sem máscara, à semelhança da diretora, o médico explicou que à entrada será medida a temperatura a todas as pessoas, e aos colaboradores, que já realizaram testes à Covid-19, será feita uma triagem com base na sintomatologia.
No espaço da escola, onde só entram alunos, funcionários e os acompanhantes das crianças do jardim de infância, o uso de máscara é obrigatório a partir do 4.º ano, mas recomendado a partir do 1.º.
Para a eventualidade de surgirem casos suspeitos, a escola preparou três salas de isolamento para onde os casos serão encaminhados por uma das três enfermeiras da escola. No caso de se confirmar alguma infeção, a expectativa de Volker Dieudonné é que mudanças implementadas e as regras de segurança permitam que não seja necessário o encerramento total do estabelecimento.
O médico admitiu, no entanto, que o contexto atual traz associada uma grande imprevisibilidade.
“É quase impossível prever e garantir que ninguém se infeta na escola, por isso, o esforço máximo é mesmo este, o de garantir segurança”, sublinhou, acrescentando que, do ponto de vista da saúde mental, também é muito importante que alunos e professores se sintam seguros.
Para Teresa Salgueiro Lenze, a reabertura é sobretudo entusiasmante e a vontade de voltar a receber os alunos e de “encher a escola outra vez de vida e de alegria como é costume” tem sido uma motivação.
O regresso dos estudantes à escola será dividido entre terça e quarta-feira, e em casa continuam apenas os alunos que pertencem a grupos de risco, que vão continuar a acompanhar as aulas ‘online’.
O próximo ano letivo arranca entre 14 e 17 de setembro para a maioria das escolas, mas no ensino privado muitas começam a receber alunos já na terça-feira, depois de um terceiro período à distância devido à pandemia da Covid-19.