O embaixador do Reino Unido em Portugal, Chris Sainty, deixou claro esta sexta-feira que a classificação do nosso país como seguro para viagens no contexto da pandemia pode “mudar a num instante” e, por isso, aconselha aos britânicos que viajarem apenas se estiverem “conformados com a obrigação inesperada de quarentena” aquando do regresso a solo britânico.

Referindo que “milhares de turistas britânicos e portugueses que vivem no Reino Unido viajaram para Portugal” desde que a 20 de agosto foi suspensa a obrigatoriedade do quarentena a todas as pessoas que regressassem do nosso país, o embaixador Chris Sainty deixou um aviso:

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“Trabalhámos de perto com Portugal para garantir que a situação aqui fosse totalmente compreendida pelos nossos decisores políticos no Reino Unido. Mas as coisas podem mudar num instante. À medida que os casos aumentam ao longo da Europa, a quarentena tem sido novamente aplicada a muitos países, em linha com o superior objetivo do Reino Unido, que é proteger a saúde pública”.

Como tal, o diplomata britânico deixa um aviso que poderá ser interpretado como um desincentivo para já modesto a novas viagens a Portugal: “Os viajantes devem pensar nos seus planos com cuidado e ter em conta todos os riscos de viajar para o estrangeiro numa situação em constante mudança”. Como tal, parafraseou o ministro dos Transportes, Grant Shapps, e disse: “Viajem apenas se estiverem conformados com a obrigação inesperada de quarentena”.

Este alerta do diplomata britânico surge no mesmo dia em que a imprensa britânica voltou a dar como possível o regresso de Portugal à “lista negra” dos países que o Reino Unido não considera seguros para viajar. A lista será revista esta quinta-feira, podendo a partir de então verificar-se um retrocesso na posição de Portugal.

A 20 de agosto, Portugal foi retirado da lista de países cujo regresso a solo britânico implicaria, tanto a cidadãos britânicos como a estrangeiros, um período de quarentena obrigatório. A inclusão de Portugal nessa lista foi alvo de críticas tanto do Governo como do Presidente da República.

Este domingo, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que, neste momento, não há razões para um regresso de Portugal à lista britânica de países não seguros — isto apesar de os números de novos casos estarem a subir. Na última semana de agosto, os números voltaram a níveis semelhantes aos do início de julho.

“Há que relativizar estes números”, disse Marcelo Rebelo de Sousa este domingo. E, mesmo em termos gerais para o país, há que ter atenção e há que prevenir — e penso que é também a posição das autoridades sanitárias — mas não há que dizer que existem neste momento circunstâncias que justifiquem uma inversão da última decisão, que tem 10 dias, do Reino Unido em relação a Portugal”.

Marcelo Rebelo de Sousa. Números não justificam regresso de Portugal à “lista negra”