A temporada extraordinária, em que superou um recorde de Frank Lampard e se tornou um dos nomes mais interessantes do futebol europeu, foi só a seguinte. Mas em maio de 2018, quando ainda dividia balneário com Rui Patrício, William Carvalho, Adrien ou Bas Dost, Bruno Fernandes foi um dos jogadores que estavam em Alcochete no dia que ficou na história leonina pelos piores motivos. Rescindiu, voltou, tornou-se capitão e o nome mais importante da equipa na época seguinte. Mas aquele 15 de maio de há dois anos permanece na memória do internacional português.

“Sei que há algumas pessoas que ficarão sempre sentidas pela rescisão e tenho de compreender o que sentem (…) É algo impossível de esquecer, não só pelo que aconteceu no momento, mas por tudo o que aconteceu depois, as rescisões, as ameaças, os insultos, tudo isso (…) Mas guardarei os momentos positivos que passei no Sporting. É um tema de que me custa falar. Mesmo em brincadeira com os amigos, às vezes há aquela boquinha… Não gosto!”, disse o agora médio do Manchester United em entrevista ao jornal A Bola, onde acabou por garantir que não “fecha a porta” a um eventual regresso a Alvalade no futuro.

Bruno Fernandes vai ser a maior venda do Sporting, pode chegar à segunda maior da Liga mas não se sabe quanto receberá

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na conversa com o jornal desportivo, Bruno Fernandes comentou a transferência para Old Trafford no final de janeiro, depois de a novela do verão anterior ter terminado sem uma saída que era dada como quase certa. “Depois de não sair em junho, o que me deixou um pouco triste pelo facto de querer chegar à Premier League e achar que estava pronto para o salto, essa tristeza durou um dia apenas (…) Sou apaixonado pelo futebol, pelo que faço, e para mim o mais importante é estar no campo, é estar com uma bola, ter a possibilidade de jogar”, explicou o jogador de 25 anos, revelando depois que poderia ter ficado novamente nos leões já em janeiro e que “tinha metido na cabeça” que não iria sair a meio da temporada.

“A partir do momento em que em janeiro se começou outra vez a falar, sabia que se ia insistir nisso. Mas tinha metido na cabeça: ‘Não vou sair!’ (…) Poderia ter ficado que nada mudaria na minha maneira de estar e de continuar a trabalhar. Obviamente que foi muito importante para mim sair, fiquei muito feliz pelo facto de dar o passo seguinte na minha carreira, mas digo sinceramente: fiquei triste por deixar o Sporting, porque foi um clube que me marcou muito”, acrescentou, sublinhando uma ideia que já tinha referido na altura da transferência, de que não é “sportinguista de berço” mas saiu sportinguista de Alvalade.

Bruno Fernandes acaba época com 12 golos e oito assistências em 22 jogos mas foi a discussão acesa com Lindelöf que ficou como última imagem

Numa semana de dupla jornada da Liga das Nações e enquanto dono de um lugar que é já cativo nas convocatórias de Fernando Santos, Bruno Fernandes comentou ainda o facto de ser apontado como o sucessor de Cristiano Ronaldo — tanto na Seleção Nacional como no Manchester United. “Espero que o Cristiano ainda dure bastantes anos na Seleção porque o que sentimos, e ainda há pouco tempo num jantar com o Bernardo [Silva] e o [João] Cancelo falámos disso lá em Inglaterra, é que o jogo pode não estar bem mas numa ele pode fazer golo, nós sabemos disso, temos essa noção (…) Tenho de pedalar muito para poder ser comparado com o Cristiano”, afirmou o médio português, ainda que ressalvando que a Seleção conseguiu sempre “gerir a falta” do capitão nos jogos em que o avançado da Juventus não esteve presente.