Tudo começou numa grande viragem de jogo de Jordan da esquerda para a direita ainda antes do meio-campo, onde estava o agora lateral Jesus Navas. Combinou com Munir e Banega e o argentino colocou a bola no corredor central onde tinha entretanto surgiu Franco Vázquez. Olhando para toda a jogada do segundo golo do Sevilha, este foi o momento que desequilibrou tudo o resto: o ala que foi jogar por dentro, que encontrou uma terra de ninguém sem oposição direta e que conseguiu dar início ao momento que decidiria a meia-final da Liga Europa.

Bruno tem muita música mas Bono mudou-lhe o disco – e Martial perder o pio também não ajudou (a crónica do Sevilha-Manchester United)

Vázquez, acabado de entrar, colocou a bola de novo no flanco direito em Navas, o espanhol conseguir tirar Brandon Williams da jogada com uma finta fácil, cruzou para o coração da área e Luuk de Jong, também ele saído do banco, só teve de encostar para a baliza frente a um desamparado De Gea. Quando desviou de pé esquerdo, o holandês apareceu nas costas de Lindelöf, com Maguire numa zona de primeiro poste e Wan-Bissaka a olhar mais atrás para o que se estava a passar sem fechar por dentro. Assim começou aquele que ficou como “caso” do jogo. 

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Olhando para o que se passara, Bruno Fernandes apontava para Lindelöf como que atribuindo culpas pelo golo sofrido ao central sueco, batido nas costas por De Jong. Lindelöf dizia de forma veemente que não com o dedo, que a culpa não tinha sido dele, provavelmente a pensar que o lateral direito não tinha fechado por dentro como seria normal. O médio continuou a apontar para o mesmo local, o central não foi de modas e acabou a discussão recuando para o seu lugar com uma frase bem percetível em português: “Vai tomar no c*, filho da p***”.

“Quando não transformas as tuas oportunidades, és castigado. Quando não defendes bem, és castigado. Não preciso de insights esta noite!”, comentou no Twitter Rio Ferdinand, antigo central e capitão do Manchester United e um dos mais reputados comentadores dos canais britânicos. “Olhei para o Lindelöf no segundo golo. Não viu uma única vez o que se passava atrás pelo seu ombro. Parece que há uma clara falta de comunicação na linha defensiva do United mas o problema é que os defesas são punidos por isso e os avançados não”, comentou na BBC Stephen Warnock, antigo defesa internacional inglês do Liverpool. As opinião dividiram-se sobre quem era o principal culpado por esse golo sofrido mas, a frio, Bruno Fernandes chamou à atenção a equipa.

“É normal quando se sofrem golos. O que aconteceu entre mim e o Victor é normal. Vai acontecer mais vezes no futebol. Precisamos de olhar para os erros que todos cometeram e melhorar. Não podemos sofrer um golo de uma reposição como aconteceu na primeira parte, temos de ser melhores a pressionar porque o adversário não pode sair com tanta facilidade aproveitando erros atrás de erros. Claro que toda a gente fica zangada quando sofre um golo mas a culpa é de toda a gente e não apenas de um jogador, é da equipa. Fizemos um grande jogo e criámos muitas oportunidades. Mas no futebol isso não basta: falhámos muito em frente da baliza”, comentou o internacional português na zona de entrevistas rápidas após o encontro. “O que fiz em seis meses pode ter sido bom mas não foi o suficiente porque vim para o Manchester United para ganhar troféus e não ganhámos nada. Por isso, para mim não é suficiente e tenho de fazer muito mais”, acrescentou o médio.

A época, ou meia época, de Bruno Fernandes chegou ao fim com um total de 12 golos e oito assistências em 22 jogos oficiais onde perdeu apenas duas vezes (meias da Taça de Inglaterra com o Chelsea e meias da Liga Europa frente ao Sevilha) e ajudou a equipa a obter o único objetivo cumprido que existia a meio da temporada: entrar na próxima fase de grupos da Liga dos Campeões. E essa é uma das principais marcas do antigo jogador do Sporting em Manchester: desde que chegou, no final de janeiro, só Messi e Lewandowski participaram em mais golos do que aqueles 20 em que esteve o internacional português, os mesmos de Havertz e… Cristiano Ronaldo. Antes, pelo Sporting, tinha marcado 15 golos entre Campeonato (oito), Liga Europa (cinco) e Taça da Liga (dois).