Donald Trump prometeu por diversas vezes começar a vacinar a população do país contra a Covid-19 antes de novembro — isto é, antes das eleições presidenciais. Tanto que, ainda sem uma vacina disponível, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), uma agência de saúde que funciona na esfera do Departamento da Saúde (o equivalente ao Ministério da Saúde português), já começou a informar as autoridades de saúde dos vários estados que se devem preparar para começar a vacinar em massa no fim de outubro ou início de novembro.

Segundo o The New York Times, o CDC enviou, a 27 de agosto, aos estados norte-americanos e às autoridades de Nova Iorque, Chicago, Filadélfia, Houston e San Antonio, um primeiro plano de vacinação contra a Covid-19, mas reconhece que é hipotético e que tem como objetivo preparar os serviços para o esforço logístico que será necessário quando houver uma vacina. Ainda não há um tratamento aprovado, mas o CDC pede que os centros de distribuição estejam “totalmente operacionais a 1 de novembro de 2020”. Numa primeira fase, segundo o jornal, a prioridade será dada a profissionais de saúde e outros grupos de risco.

As vacinas deverão ainda ser aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA), o regulador dos medicamentos, que já disse estar disponível para autorizar uma futura vacina contra a Covid-19 sob procedimento de emergência, antes do fim dos ensaios clínicos que confirmam a segurança e eficácia.

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Stephen Hahn, presidente da FDA, insistiu que não o faria para agradar ao presidente dos Estados Unidos, mas Donald Trump tem deixado por diversas vezes claro o desejo de conseguir uma vacina antes das eleições de novembro. Aliás, numa entrevista recente, Trump frisou mesmo que uma vacina poderia chegar “mais cedo do que no final do ano”. “Poderá ser muito mais cedo”, disse.

Os documentos enviados pelo CDC definem vários cenários para a distribuição de duas vacinas candidatas em hospitais, clínicas e outras infraestruturas, sendo que em ambos os casos seriam necessárias duas doses. Os cenários assumem ainda que as vacinas serão seguras e eficientes.

A notícia vem fazer aumentar a preocupação de que Trump possa estar a tentar acelerar a distribuição de uma vacina apenas para fins políticos. “Este calendário de distribuição inicial no final de outubro é profundamente preocupante para a politização da saúde pública”, defendeu Saskia Popescu, epidemiologista do Arizona, ao The New York Times.