Por norma chamava-se paragem para as seleções, agora é simplesmente arranque das seleções: com o calendário oficial de 2020/21 a terminar como era previsível mas a começar agora mais tarde pela paragem motivada pela pandemia, alguns clubes terão até meio da próxima semana de trabalhar sem muitos jogadores com o Benfica a ser um bom exemplo disso mesmo. Ao todo, entre Svilar, Rúben Dias, Vertonghen, Tomás Tavares, Florentino Luís, Jota, Luca Waldschmidt e Seferovic, eram oito ausências nas opções de Jorge Jesus, que não poderia contar ainda com os lesionados Helton Leite e Jardel, naquele que era o penúltimo encontro antes da estreia oficial esta época, em Salónica com o PAOK, a contar para a terceira pré-eliminatória da Champions.
Os dados, esses, eram positivos. Depois das quatro goleadas por 5-1 (Farense) e 4-0 (Belenenses SAD, Benfica B e Estoril), os encarnados venceram o Bournemouth na Luz no primeiro encontro “aberto” e com transmissão por 2-1. Já o Sp. Braga, em processo de adaptação aos novos métodos e ideia de Carlos Carvalhal mas com a vantagem de ter completado grande parte do plantel logo no início de mercado estando agora mais na expetativa das possíveis vendas que possa fazer do que em reforçar mais o plantel, começou com um empate frente ao Vizela a três, a que se seguiu triunfos contra Sp. Braga B (2-0) e P. Ferreira (3-0). Esta noite, na Luz, deixou boas indicações apesar do resultado. E mostrou que está a montar uma equipa que, com mais rotinas, tem não só uma ideia de jogo muito interessante como várias opções de qualidade para a interpretarem. No entanto, errou duas vezes em termos defensivos e foi nessas duas ocasiões que Carlos Vinícius, que pode ser “o reforço” caso fique, fez o 2-1.
O ONZE INICIAL DO BENFICA (4x2x3x1). Vlachodimos; Gilberto (João Ferreira, 65′), André Almeida, Ferro, Nuno Tavares (Cervi, 76′); Weigl (Gabriel, 76′), Taarabt; Rafa (Diogo Gonçalves, 65′), Pizzi (Chiquinho, 79′), Everton Cebolinha (Pedrinho, 65′) e Carlos Vinícius. Golos: Carlos Vinícius (56′ e 90+2′). Ação disciplinar: cartão amarelo a Taarabt (41′ e 70′); cartão vermelho por acumulação a Taarabt (70′)
O ONZE INICIAL DO SP. BRAGA (3x4x3). Matheus (Tiago Sá, 46′); Bruno Viana (Zé Carlos, 65′), Raúl Silva (Rolando, 46′), David Carmo; Ricardo Esgaio (Francisco Moura, 65′), André Castro (Al Musrati, 46′), Fransérgio (João Novais, 46′), Murilo (Sequeira, 46′); André Horta (Iuri Medeiros, 46′), Ricardo Horta (Nico Gaitán, 46′) e Paulinho (Abel Ruíz, 46′). Golo: Paulinho (31′). Ação disciplinar: cartão amarelo a Nico Gaitán (70′)
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O MELHOR. A entrada demolidora dos encarnados em jogo que restituiu a dupla fundamental para o título de 2019 com Bruno Lage, Rafa e Pizzi. Com velocidade, com mobilidade, com muita qualidade. Com oportunidades, sem golos: primeiro foi Pizzi a assistir Rafa que na área chutou ao lado (3′); depois foi Rafa que acelerou na direita, fez a assistência para dentro e Pizzi acertou na trave (10′). O Sp. Braga conseguiu a partir daí acertar marcações, o meio-campo deixou de andar à deriva com e sem bola e houve uma melhor definição daquilo que Carlos Carvalhal pretende em termos ofensivos, com uma colocação feliz de André Horta em zonas mais adiantadas que permitiu por exemplo o golo de Paulinho (31′). Esses foram os dois melhores períodos de ambas as equipas, antes de uma segunda parte onde as substituições foram quebrando o ritmo e a ligação entre setores nas equipas – sendo que o golo de Vinícius também nasceu de uma transição mas com Pizzi a lançar o avançado brasileiro (56′).
Gol do Braga!
Aos 31 minutos do primeiro tempo, Paulinho abriu o placar para o Braga (@SCBragaOficial) no amistoso contra o Benfica (@SLBenfica).#Benfica #Braga #Amistoso #Bandsports pic.twitter.com/3oMrrvswTx
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O PIOR. De um lado Taarabt, do outro Fransérgio, neste caso por razões diferentes. No caso do marroquino, o jogo não saiu como o do Bournemouth, onde foi o melhor em campo, falhou vários passes, não conseguiu chegar tanto à frente em posse nem teve a mesma capacidade de recuperação sem bola e acabou por ver dois amarelos escusados por pontapear uma bola para fora com o jogo parado (41′) e por fazer uma entrada duríssima sobre Francisco Moura (70′). Em relação ao brasileiro, e no papel que lhe é conferido na ideia de jogo de Carvalhal, vai precisar de aproximar-se mais do que fez nas últimas duas temporadas, onde teve uma influência maior do que esta noite na equipa dos minhotos – como aquela que previsivelmente terá com o decorrer da época oficial. Ou como conseguiu assumir João Novais, uma das melhores unidades dos arsenalistas no segundo tempo.
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O JOKER. Surge aqui nesta função mas é propriamente o principal ás da equipa do meio-campo para a frente, algo que em termos de jogo e no plano posicional até reforçou. Pizzi foi o jogador com mais golos e assistências do último Campeonato jogando da direita para o meio e surge agora numa posição mais central, assumindo na maior parte do tempo terrenos nas costas da referência ofensiva (sendo que em alguns momentos chegou a trocar com Rafa na direita para conseguir criar desequilíbrios na marcação) como peça essencial em todas as movimentações. Do outro lado, André Horta teve uma primeira parte interessante, numa zona diferente daquelas que costuma ocupar mas que funcionou bem tendo as subidas de Ricardo Esgaio pela direita também a ajudar. Nota ainda para alguns apontamentos deixados por Francisco Moura – atenção ao que aquele pé esquerdo é capaz de fazer…
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A CURIOSIDADE. Numa noite de reencontros, que começou com uma conversa de Jorge Jesus com o seu antigo presidente António Salvador ou do campeão (e adepto assumido) André Horta com vários companheiros com quem foi partilhou o balneário em 2016/17 na segunda temporada de Rui Vitória, Nico Gaitán regressou à Luz, onde se tornou com a camisola dos encarnados entre 2010 e 2016 um dos jogadores estrangeiros com mais títulos da história do clube. A posição ocupada em campo e a própria forma de jogar do Sp. Braga frente ao Benfica não favoreceram o argentino que entrou ao intervalo mas teve dois ou três pormenores de classe que mostram que é um jogador ainda à parte na Liga portuguesa e que poderá ajudar muito os minhotos ao longo da temporada.