As crianças e jovens institucionalizados vão deixar de ser obrigados a fazer quarentena profilática. A norma que prevê 14 dias de isolamento vai ser atualizada, tendo em conta o arranque do ano letivo, garantiu a Diretora-Geral de Saúde na conferência de imprensa para fazer o ponto de situação da pandemia em Portugal. Graça Freitas prometeu que a atualização “vai ser publicada muito brevemente”. “Só não lhe posso dizer a hora exata”, afirmou.

“Uma vez que no início das aulas a comunidade para onde estas crianças vão é uma comunidade aberta ao exterior, as crianças vão ficar isentas de fazer qualquer tipo de quarentena, uma vez que vão entrar e sair da instituição como qualquer outra pessoa“, explicou. A orientação a ser atualizada vai “excecionar do isolamento profilático pessoas, nomeadamente crianças, que entram em comunidades que são abertas e que permitem a entrada e saída diária dos seus residentes para o exterior”.

Esta atualização da norma surge depois de Graça Freitas ter dito, no passado dia 26 de agosto, que estava a tentar perceber se haveria novidades científicas que permitissem uma redução dos 14 dias de isolamento. “Estamos a rever a norma no sentido de perceber se há neste momento estudos ou evidência que permitam reduzir este período”. Caso contrário, garantiu, a norma não poderia ser alterada.

“A revisão pode passar pelo lado de o isolamento se fazer com condições para que as pessoas não se sintam abandonadas”, disse então Graça Freitas, que tinha sido confrontada com a questão na habitual conferência de imprensa da DGS, depois da queixa apresentada à PGR pela comissão instaladora da associação AjudAjudar.

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Pouco mais de uma semana depois, a Direção-Geral de Saúde acaba mesmo por atualizar a norma, garantindo que as crianças e jovens em perigo que estejam à guarda de instituições “vão ficar isentas de qualquer tipo de quarentena”.

Protocolo de resposta da Saúde publicado em breve

Também o protocolo de resposta da saúde, tendo em conta as escolas, está a ser ultimado. Lembrando que há dois meses foram publicadas orientações para as escola se preparem para o ano letivo, Graça Freitas assegurou que o protocolo “será publicado muito brevemente”, o qual conta ainda com o apoio de entidades como Proteção Civil e autarquias.

Defendendo uma atuação “rápida” e “cirúrgica” em Portugal, Graça Freitas assegurou que a “decisão de encerrar uma escola tem de ser tomada pela autoridade de saúde local, pela autoridade de saúde regional e pela autoridade de saúde nacional, e não implica interrupção obrigatória do ano letivo, implica apenas que as crianças e os adolescentes possam passar do ensino presencial para outro durante alguns dias.” A intenção é de “fechar escolas o menos possível”.

Tendo em conta a possibilidade de surgirem casos de contágio em ambiente escolar, Graça Freitas explicou a sequência dos procedimentos. Um pai não deve levar uma criança doente para a escola, deve antes ligar para a linha SNS24, que, por sua vez, fará uma triagem e dirá se o caso é ou não suspeito. Sendo suspeito de Covid-19, os pais avisam a escola e a escola avisa a autoridade de saúde da zona. Posteriormente, é feito um teste à criança e uma avaliação à escola.

“Mais vacinas da gripe para os portugueses e mais cedo”

Jamila Madeira, secretária de Estado Adjunta e da Saúde, arrancou a terceira conferência de imprensa da semana a dizer que a “tendência de aumento dos casos diários, não sendo exclusivo no nosso país, merece preocupação” e fez um apelo para que se mantenham todas as medidas preventivas. Reforçou ainda que a batalha contra a pandemia tem sido “longa” e que implica várias fases.

Considerando o “contexto exigente” da temporada outono-inverno que se avizinha, a secretária de Estado anunciou a “antecipação do fornecimento das primeiras mais de 100 mil doses de vacinas” contra a gripe às unidades de saúde do SNS, para assim garantir um “melhor planeamento” por parte da Direção-Geral de Saúde na atribuição das mesmas.

“É a maior compra de sempre do nosso país de vacinas contra a gripe, num total de 2 milhões de vacinas cuja distribuição iniciar-se-á antecipadamente”, afirmou. “Mais vacinas da gripe para os portugueses e mais cedo garantidas para os que mais precisam.”

Relativamente à campanha de vacinação a propósito da gripe, Graça Freitas explicou que a vantagem de ter uma entrega precoce é poder começar mais cedo a vacinação, nomeadamente nos lares e a pessoas de risco. A diretora-geral da saúde afirmou que este ano as grávidas, os profissionais de lares e aqueles de instituições com grupos muito vulneráveis vão ser considerados para a vacinação gratuita. “O que não está completamente fechado são pequenos grupos de pessoas com situações clínicas muito especificas.”

Artigo atualizado às 19h10.