A farmacêutica AstraZeneca anunciou que suspendeu os testes à vacina para a Covid-19 que está a desenvolver em parceria com a Universidade de Oxford. Como disse a empresa à CNBC e à StatNews, a suspensão foi motivada devido a uma das reações que a vacina causou num dos participantes, que tem agora de ser estudada.

Esta é uma medida de rotina que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada num dos testes garantindo a manutenção da integridade dos testes enquanto ela é investigada. Em grandes ensaios, as doenças acontecem por acaso, mas devem ser revistas de forma independente para verificar isto cuidadosamente”, disse esta terça-feira AstraZeneca à CNBC.

Entretanto, fonte próxima do processo, sob anonimato, revelou ao New York Times que o problema foi detetado num voluntário inscrito para testes no Reino Unido (a vacina também está em fase de testes na Índia, África do Sul, Brasil e Estados Unidos), acrescentando depois que um dos participantes nos ensaios, justamente naquela localização, foi diagnosticado com uma mielite transversa, uma doença neurológica inflamatória que afeta a espinal medula e que pode surgir após infeções virais ou vacinação. Ainda assim, para já, não foi estabelecida qualquer correlação entre este diagnóstico e a vacina da AstraZeneca, ressalva o mesmo jornal.

Esta é a vacina que se espera que chegue a Portugal caso seja eficaz. Em agosto, o Infarmed disse que a primeira remessa de 690 mil vacinas podia chegar já em dezembro. Ao todo, o país esperará 6,9 milhões de vacinas caso esta seja bem sucedida. Para toda a União Europeia vão ser disponibilizadas 300 milhões, o mesmo número de unidades desta promissora vacina que os EUA também já garantiram.

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À revista de saúde StatNews, a empresa justificou que um “processo de revisão padrão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão dos dados de segurança“.

Terceira fase de testes da vacina de Oxford arrancam nos Estados Unidos

A candidata a vacina da AstraZeneca, apelidada de AZD1222, encontrava-se na Fase 3 de ensaios clínicos em larga escala, depois de ter tido revelado resultados auspiciosos na Fase I/II no que toca à segurança e à imunogenicidade. A vacina resulta da combinação de uma versão mais fraca da gripe comum que infeta chimpanzés e uma proteína do vírus que faz com que, teoricamente, a Covid-19 induza uma resposta imune.

No início de setembro, os testes de Fase 3 da vacina da AstraZeneca estavam em andamento no Reino Unido, Brasil e África do Sul e estavam ainda a ser feitos planos para realizar testes no Japão e na Rússia. Os Estados Unidos admitiram a hipótese de acelerar a autorização da vacina através de um procedimento de emergência, para que fosse possível autorizá-la antes do fim dos ensaios clínicos que confirmam a segurança e eficácia

A “vacina de Oxford”, como é conhecida, teve resultados preliminares “promissores” num ensaio de fase I que envolveu 1.077 voluntários entre os 18 e os 55 anos, e cujas conclusões foram publicadas em julho na revista The Lancet. Os investigadores apontaram que a vacina mostrou ser segura e, em cerca de 90% dos casos, as pessoas estavam a desenvolver anticorpos.

As vacinas da Moderna e Pfizer/BioNTec, outras duas das nove vacinas que têm sido desenvolvidas para combater a pandemia, também estão na mesma fase de testes na qual estava a vacina da AstraZeneca. Depois da suspensão desta terça-feira ser conhecida, as ações da AstraZeneca caíram 6%.