O jogo da II Liga, entre o Feirense e o Desportivo de Chaves, que deveria ter começado às 20h, foi adiado devido a quatro casos positivos, conhecidos desde esta manhã, na equipa visitante. A decisão dos responsáveis da DGS foi conhecida apenas em cima da hora e quando as equipas já estavam em campo e preparadas para dar início ao jogo. Cancelamento “foi um ato de defesa da saúde pública”, diz delegado de saúde.

A Liga de Clubes afirma que, apesar dos resultados dos testes terem sido noticiados esta manhã, a avaliação dos mesmos por parte do médico Rui Capucho, do ACES do Alto Tâmega e Barroso, só foi transmitida “pouco antes das 20 horas”, lê-se num comunicado que o organismo que gere o futebol profissional emitiu esta noite de sexta-feira. Assim, a Liga “decidiu, de forma pró-ativa, retardar o início do encontro entre o CD Feirense e o GD Chaves da 1.ª jornada da Liga Pro, pedindo uma informação oficial do sucedido.” Ou seja, um relatório por escrito.

Tal documento assinado pelo médico Rui Capucho, só foi enviado à Liga de Clubes “às 20h24, dando indicação que as Autoridades de Saúde Regional e a Autoridade de Saúde Nacional decidiram que não estavam reunidas as condições para a realização do referido encontro”, conclui o comunicado.

O organismo liderado por Pedro Proeça enfatiza que seguiu o “protocolo validado pela DGS ainda na época passada, quando se deu a Retoma da Liga NOS” e promete apurar os motivos que levaram à existência destes casos no plantel do GD Chaves.

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A suspensão do jogo aconteceu já com as duas equipas prontas para começar a partida, tendo o árbitro João Gonçalves recebeu uma chamada telefónica e deslocou-se durante breves instantes ao túnel de acesso ao relvado. Na transmissão televisiva da SportTV foi ainda possível ver os delegados da Liga Portuguesa de Futebol Profissional a falar ao telefone, juntamente com vários responsáveis dos dois clubes.

Já 27 minutos depois da hora prevista para o início do encontro, o árbitro apitou para que os jogadores recolhessem ao balneário, sem que tenha sido prestada qualquer informação oficial até ao momento.

Durante a manhã desta quinta-feira, o Desportivo das Chaves informou, em comunicado, que quatro elementos do seu plantel tinham testado positivo à Covid-19, mas asseguraram que o jogo desta noite não estava em causa.

Desp. Chaves com quatro positivos, dois entre jogadores. Estreia com Feirense esta noite não está em causa

O comunicado da Liga de Clubes na íntegra:

«Cumprindo o protocolo efetuado entre a Liga Portugal, a FPF, e tendo como base as normas e procedimentos estabelecidos na orientação 036/2020 da Direção-Geral de Saúde, divulgados no ponto 8 do Plano de Retoma do Futebol Profissional para a época 2020-21, o CD Feirense e o GD Chaves realizaram testes à COVID-19 a todo o plantel, 48 horas antes do encontro marcado para a noite desta sexta-feira.

Como foi tornado público, dois jogadores e dois treinadores da equipa técnica do GD Chaves, testaram positivo e, seguindo o protocolo validado pela DGS ainda na época passada, quando se deu a Retoma da Liga NOS, os elementos em causa foram imediatamente colocados em isolamento.

Face à indicação recebida pela Liga Portugal através do médico Rui Capucho, da ACES do Alto Tâmega e Barroso, pouco antes das 20 horas, o organismo que superintende o Futebol Profissional decidiu, de forma pró-ativa, retardar o início do encontro entre o CD Feirense e o GD Chaves da 1.ª jornada da Liga Pro, pedindo uma informação oficial do sucedido.

 O relatório do Dr. Rui Capucho chegou, oficialmente e por escrito, à Liga Portugal às 20h24, dando indicação que as Autoridades de Saúde Regional e a Autoridade de Saúde Nacional decidiram que não estavam reunidas as condições para a realização do referido encontro.

A Liga Portugal, e apesar de existirem condições para a realização do jogo, segundo o Plano de Retoma e perante o cumprimento da Lei 3 das Leis de Jogo, compromete-se, agora, a apurar os motivos que levaram à existência destes casos no plantel do GD Chaves.»

Cancelamento “foi um ato de defesa da saúde pública”

O delegado de saúde da Unidade de Saúde Pública (USP) do Alto Tâmega e Barroso esclareceu que foram novas informações que surgiram ao final da tarde desta sexta-feira que motivaram a não realização do Feirense-Desportivo das Chaves.

Em declarações à agência Lusa, Gustavo Martins-Coelho, esclareceu que após uma primeira avaliação de risco, ainda durante a parte da manhã, foi dito que “não havia inconveniente” para a realização da partida que ia ser jogada em Santa Maria da Feira. No entanto, ao final da tarde, a entidade recebeu novas informação que, esclareceu o clínico, “não estavam na posse ao final da manhã”.

Tivemos de refazer a nossa avaliação de risco, mediante essa segunda avaliação, determinámos que não havia condições para realizar o jogo em segurança”, frisou.

Gustavo Martins-Coelho explicou que o Chaves foi informado da decisão por volta das 19h, a uma hora do início do jogo que acabou por não acontecer. “Não tomamos estas decisões de ânimo leve. Não tenho nenhum prazer especial em cancelar jogos. O que se passou foi um ato de defesa da saúde pública da população“, apontou.

O delegado de saúde da USP do Alto Tâmega e Barroso referiu que o sigilo profissional ao qual está obrigado o impedem de divulgar as razões que obrigaram a refazer a avaliação de risco. E acrescentou: “Para já, compete à DGS se assim entender revelá-las”.

Gustavo Martins-Coelho explicou ainda que desconhece quantos jogadores do plantel dos transmontanos terão de ficar em isolamento porque “a segunda avaliação de risco ainda não está completa”. “Até acontecer não podemos determinar ao certo quem deverá estar em isolamento”, completou.