O alerta está lá: “Vai ser um ano letivo com problemas”. Isso é certo. Só a “precaução” e o cumprimento rigoroso das regras, tanto dentro como fora da escola, pode evitar uma escola chegar ao fim do ano letivo sem sobressaltos (ou, pelo menos, com menos sobressaltos). Foi esta a mensagem que António Costa passou à comunidade educativa da escola secundária de Benavente, que visitou à margem da reabertura das escolas no arranque do ano letivo.

“Nenhum de nós pode relaxar, a escola em si não transmite o vírus a ninguém, somos nós que transmitimos”, disse o primeiro-ministro, pedindo o respeito rigoroso das regras sanitárias. “A precaução é fundamental e só a precaução pode diminuir a ansiedade”, acrescentou, sublinhando que as escolas podem fazer o melhor trabalho possível, mas se cada aluno, se cada família, não fizer a sua parte, não funciona. “É tão necessário ter precaução dentro da escola como fora da escola. De nada vale os cuidados que se tem na escola se depois sairmos e formos todos abraçar-nos para o jardim ali à volta”, atirou, sublinhando que temos consciência de que “não vai ser um ano letivo sem problemas”. “Vai ser um ano letivo com problemas”, disse.

Mas que regras são essas que as escolas vão ter de cumprir à risca em nome da “precaução”? Segundo António Costa, as regras passam por usar máscara, desinfetar as mãos, mas também por criar uma espécie de “caixas estanques” entre cada turma para que “cada sala seja usada só para uma turma”, de forma a minimizar os contactos e melhor rastrear os eventuais contágios.

“Esse sentido de precaução é fundamental. E a precaução significa usar a máscara – e, na escola, usar sempre a máscara – desinfetar as mãos, lavar as mãos o maior número de vezes possível, manter o distanciamento físico, cumprir as regras dos circuitos que estão definidos, e esta organização especial em que a escola vai ter de funcionar, como que criando caixas estanques entre cada turma, para que cada sala seja só para uma turma, cada carteira seja só para um aluno, que os lugares sejam sempre os mesmos para saber se, havendo um aluno infetado, qual é o universo de contactos próximos e podermos atuar rapidamente”, disse.

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Uma coisa é certa: as escolas não podem continuar fechadas e é preciso aprender a conviver com o vírus. Se o dia 16 de março (dia em que as escolas foram encerradas) foi fundamental para conter a pandemia, o dia de hoje tem de ser também essencial para definir o facto de termos de conviver com o vírus até haver uma vacina, disse António Costa falando para a comunidade educativa de Benavente no arranque do ano letivo.

Não podemos continuar a pagar o preço de ter a escola encerrada, não podemos continuar a pagar o preço das desigualdades que gera a ausência do ensino presencial, não podemos continuar a sacrificar o processo de aprendizagem para as gerações futuras”, disse ainda o primeiro-ministro, agradecendo aos professores que dedicaram grande parte do verão a adaptar as regras da DGS à abertura das escolas e os currículos deste ano à recuperação do que foi perdido no ano passado.

Ainda assim, admitiu, “é evidente que, mesmo com alguma extensão do ano letivo, não é possível recuperar neste ano aquele último período que para muitos alunos não existiu”.

O primeiro-ministro antecipou ainda que estão previstas mais contratações de assistentes operacionais, o que vai permitir “ter ainda mais confiança” na abertura do ano letivo. Mas isso não invalida que tenha de haver cuidados redobrados na “precaução”. É essa precaução que evitará os “sobressaltos” ao longo do ano letivo, ano letivo esse que Costa admite que não vai estar livre de problemas.

Da parte do Governo o compromisso é no sentido de dotar as escolas de meios necessários para prevenir e responder aos “sobressaltos”. “Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para poder responder às necessidades específicas das escolas ao nível da proteção individual, da higienização, mas também tudo o que estiver ao nosso alcance para reforçar a capacidade de testagem rápida em caso de suspeição”. Costa lembra que o SNS já consegue fazer 14 mil teste por dia, sendo que no passado dia 8 fizeram-se 20 mil testes num dia (com público e privado), e isso é importante para evitar contágios.

“A resposta rápida é que permite estancar o mais rapidamente possível a cadeia de transmissão”, disse.

“Por isso, com a incerteza desta realidade, quer desejar a todos o ano letivo o mais feliz possível, e tenho a certeza de que por muitos anos de carreira educativa que tenham este ano vai ficar nas memórias de todos porque vai ser o ano letivo mais diferente das vossas vidas, mas também espero que seja o ano mais bem sucedido por se conseguir superar as dificuldades”, disse, transmitindo uma mensagem de confiança às famílias e às escolas.