10 anos. Há 10 anos, 10 épocas, uma década, que o Benfica marcava sempre presença na fase de grupos da Liga dos Campeões. Esta terça-feira, a eliminação na Grécia perante o PAOK ditou a saída prematura dos encarnados da principal competição europeia e a queda para a fase de grupos da Liga Europa. Acima disso, porém, a eliminação na Grécia significa a ausência de um encaixe financeiro que esteve presente nos últimos 10 anos e que foi interpretado como preponderante na preparação da abordagem ao mercado de verão.

Cebolinha queria abrir as páginas da BD mas Zivkovic lembrou que era dia de tragédia grega (a crónica do PAOK-Benfica)

Com as contratações de Everton Cebolinha, Darwin, Pedrinho, Waldschmidt, Gilberto, Vertonghen e Helton Leite, o Benfica gastou 80 milhões na janela de transferências que ainda não encerrou — e onde está a fazer movimentações, por exemplo, com o objetivo de contar com Rúben Semedo. Pelas contas do Transfermarkt, quer isto dizer que o Benfica é já a equipa com o maior investimento esta época a ficar de fora da Liga dos Campeões, já que só Chelsea, Barcelona, Atl. Madrid e Inter Milão gastaram mais do que os encarnados.

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O encerrar de um ciclo de 10 anos de presenças consecutivas na fase de grupos da Liga dos Campeões está também diretamente ligado a Jorge Jesus: foi na primeira época do treinador português na Luz, em 2009/10, que o Benfica ficou pela última vez afastado dessa fase inicial da competição europeia. Há cinco anos, também, que os encarnados não perdiam o jogo inaugural da temporada — na altura, curiosamente, foi contra o Sporting de Jorge Jesus, na Supertaça Cândido de Oliveira.

Em declarações no final do jogo, Jorge Jesus não escondeu a desilusão. “Estamos fora de uma competição em que sentíamos que podíamos ir longe. Na primeira parte só o Benfica criou oportunidades de golo, o PAOK praticamente não fez um remate à nossa baliza. Na segunda parte dividimos mais o jogo e deixámos o PAOK sair para o contra-ataque. Entraram na nossa última linha com duas diagonais que nos mataram em termos de resultado. Fomos uma equipa com muita qualidade ofensiva, criámos muitas oportunidades, nesta altura não conseguimos fazer tantos golos. O guarda-redes do PAOK tem mérito, tirou-nos muitos golos”, explicou o treinador encarnado, que não deixou de encontrar alguns aspetos positivos na exibição da equipa.

“O resultado é desfavorável mas temos valor para continuar esta caminhada que começou com jogos muitos complicados. Se tivéssemos passado, tínhamos o playoff com o Krasnodar. Temos de nos preparar para o próximo jogo, que é já na sexta-feira, com o Famalicão, para a primeira jornada do Campeonato. Vamos analisar o que fizemos. Fizemos mais coisas boas do que menos positivas neste jogo. Menos positivo é o resultado e a qualidade da organização defensiva, que não está ainda tão forte como quero”, atirou Jesus, reconhecendo que este é um “passo atrás” porque significa uma saída prematura da Liga dos Campeões. “Era um sonho poder chegar o mais longe possível na Champions, é uma competição para a qual ainda não estamos preparados, entre aspas, para podermos ser favoritos. Sabemos que somos uma equipa que podia fazer coisas interessantes, não conseguimos neste primeiro jogo. Não era isto que queríamos, é uma desilusão pelo resultado mas não pelo que a equipa jogou. Faltou qualidade em termos de finalização”, acrescentou.

“Muito trabalho pela frente? Estamos aqui há cinco semanas, claro que temos muito trabalho para fazer. Estávamos convencidos de que estas cinco semanas seriam suficientes, não demonstrámos isso no resultado mas somos melhor equipa do que o PAOK”, concluiu o técnico, apontando baterias ao primeiro jogo da Liga, já na sexta-feira e contra o Famalicão. Mais tarde, já na conferência de imprensa, Jesus garantiu que assume a “responsabilidade” e que o resultado “não tem nada a ver com a época passada”. “Sabíamos das dificuldades que é estar na Champions, o valor das equipas, mas continuo a pensar como pensava antes deste jogo: o mais difícil era passar estas duas eliminatórias. Não era só um sonho, seria uma realidade chegar longe. Transpor esse sonho para a Liga Europa? Nem há dúvida. Mas não era isso que os jogadores, o presidente e o treinador queriam. Se tivéssemos passado estas duas eliminatórias, tudo seria mais fácil (…) O nosso caminho é longo e difícil, mas é de certeza de muito sucesso”, explicou.

Também André Almeida, capitão de equipa, concordou com a visão do treinador. “Penso que o Benfica dominou todo o jogo, tirando dois ou três pormenores. Claro que temos de corrigir, mas vi uma resposta muito positiva da equipa. É um objetivo que fica pelo caminho, mas neste clube é olhar em frente e ver o que há a seguir. Recuperar a cabeça, descansar e ganhar em Famalicão”, disse o lateral direito.