O escritor Emmanuel Carrère, vencedor do Prémio Hemingway 2019, também cineasta, realizador de “Amor Suspeito”, que dirigiu sobre a sua obra, é um dos 15 nomeados para o prémio de literatura da Academia Goncourt, esta terça-feira anunciados em França.
Autor de Limonov e de O Adversário, dois romances publicados em Portugal, respetivamente pela Sextante e a Tinta-da-China, Emmanuel Carrère está nomeado pela sua mais recente obra, Yoga, de acordo com a lista publicada pela Academia, no seu site. O romance acompanha a derrapagem da vida de um escritor, quando o mundo se desmorona à sua volta.
O romancista e investigador Tobie Nathan, escritor de origem egípcia, conhecido pioneiro da etnopsiquiatria, que privilegia a abordagem do ambiente sociocultural na análise, encontra-se nomeado pelo romance La Société des Belles Personnes, a história de um jovem imigrante judeu, saído das ruas do Cairo. Autor de uma revisitação da obra de Sigmund Freud — A Nova Interpretação dos Sonhos, publicada em Portugal pela Livros Horizonte —, Nathan soma dez romances, a par de diversas obras de ensaio e investigação, na área da psiquiatria e da psicanálise.
O autor franco-venezuelano Miguel Bonnefoy está também entre os candidatos, com Héritage. Filho do escritor chileno Michel Bonnefoy, Miguel nasceu em Paris, viveu em Caracas e em Lisboa, antes de se fixar na capital francesa. Héritage, o seu mais recente livro, surge depois de uma residência na Vila Médicis. Bonnefoy foi finalista do Prémio Gouncourt Revelação, com o romance de estreia, Le Voyage d’Octavio, de 2015.
Mohammed Aissaoui, por Les funambules, Djaili Amadou Amal, com Les impatientes, Sarah Chice, com Saturne, Lola Lafon, por Chavirer, Hervé Le Tellier, por L’anomalie, Jean-Pierre Martin, por Mes fous, Carole Martinez, por Les roses fauves, e Irène Frain (autora de um livro sobre o fenómeno “Diana”), por Un crime sans importance, são outros nomeados para a “lista longa” do Prémio Gouncourt.
A lista fica completa com Camille Pascal, nomeada por La chambre des dupes, Mael Renouard, por L’historiographe du Royaume, Maud Simonnot, por L’enfant céleste, e Camille de Toledo, por Thésée, sa vie nouvelle.
Esta lista conhecerá mais duas etapas no processo de eleição, a decorrer na Academia até ao final de outubro. O vencedor, definido por maioria absoluta, é anunciado todos os anos no início de novembro.
Historicamente, o Prémio Goncourt, um dos mais importantes para a literatura em língua francesa, traduz-se apenas num cheque no valor simbólico de 10 euros, entregue ao laureado, mas a sua atribuição provoca desde logo o aumento das vendas e assegura a tradução e edição a nível internacional, segundo o site da Academia.
Desde a sua criação, em 1903, o Goncourt distinguiu escritores como Marcel Proust, Elsa Triolet, Simone de Beauvoir, Romain Gary, Patrick Modiano, Tahar Ben Jelloun, Érik Orsenna, Amin Maalouf, Jonathan Littell, Mathias Énard e Leila Slimani. Quando o prémio foi atribuído a Marguerite Duras, em 1984, pelo romance O Amante, a imprensa francesa escreveu que o prémio ganhara a escritora.
Em 2019, o Goncourt foi entregue a Jean-Paul Dubois, pelo romance “ous les hommes n’habitent pas le monde de la même façon.
No passado mês de maio, a Academia Goncourt atribuiu os habituais “prémios de primavera”: o Goncourt Revelação a Maylis Besserie, pelo seu primeiro romance, Le Tiers Temps, que revisita o universo de Samuel Beckett; o Goncourt do Conto a Anne Serre, pela coletânea Au coeur d’un été tout en or; o Goncourt Biografia a Thierry Thomas, pela obra Hugo Pratt, trait pour trait, sobre o criador de Corto Maltese; e o Goncourt de Poesia, a Michel Deguy, pelo conjunto da sua obra.