Foi muito mais do que um simples desfile para Alexandra Moura. Em fevereiro, a rápida propagação do novo coronavírus em solo italiano encurtou o calendário da semana da moda, negando à designer portuguesa a possibilidade de apresentar “Nu Mistura”, a coleção outono-inverno 2020/21. Semanas depois, viria a recuar na decisão de desfilar na Alfândega do Porto, na última edição do Portugal Fashion.

Agora, com a dinâmica das fashion weeks adaptada a um modelo híbrido que combina desfiles presenciais e transmissões à distância, a marca Alexandra Moura regressou à passerelle milanesa. Transmitido na manhã desta segunda-feira, a apresentação de “Substrato”, a coleção para o próximo verão, decorreu sem público, sob a luz natural de um velho claustro italiano.

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“Fomos ao nosso ADN, ao que a marca fez ao longo dos anos, e trouxemos o que temos de mais forte, de mais identitário. Já andava a querer fazê-lo há algum tempo. Talvez a pandemia e termos ficado fechados tenha feito deste o momento ideal”, explicou a criadora ao Observador, dias antes da gravação do desfile, na semana anterior.

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Num trabalho autorreferencial, em que a inspiração foi a própria marca, foram os detalhes, a construção das peças, a modelação, as matérias-primas e os conceitos do arquivo Alexandra Moura e dar origem às propostas para a próxima estação quente. Elementos que “não podiam ser esquecidos”, segundo a designer portuguesa. A presença do preto como uma das cores principais da coleção, a fusão dos géneros na roupa, a desconstrução do clássico e o jogo constante de volumes e silhuetas justas — traços de uma estética própria que, combinados em “Substrato”, resultam numa versão romântica e simultaneamente underground de um streetwear há muito pensado para o mercado global.

Na coleção, que será também apresentada na próxima edição do Portugal Fashion, a criadora introduziu um novo padrão, uma miscelânea de letras (que compõem o nome da marca) e que se quer para ficar, à semelhança da parceria com a Sanjo.

David Catalán e Miguel Vieira. A moda portuguesa à conquista de Milão

Esta segunda-feira, último dia da Semana da Moda de Milão, ficou reservada à moda portuguesa. David Catalán foi o nome que se seguiu. O ex-integrante da plataforma Bloom do Portugal Fashion já tinha, em julho, no calendário dedicado à moda masculina, levantado o véu sobre uma coleção que explora a estética de safari, mas onde o jovem criador continua a cruzar referências como a alfaiataria clássica e o workwear. O resultado desfilou no Palazzo Giureconsulti, em Milão, com o jovem criador espanhol (radicado em Portugal) a dar provas de um estilo contínuo e sólido.

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Miguel Vieira foi o responsável por fechar a semana da moda, a terceira de um roteiro internacional que culmina em Paris, durante a próxima semana. “Insight” foi a proposta do veterano da moda portuguesa, um exercício de promoção da individualidade e do estilo pessoal em detrimento das tendências generalizadas.

O designer não abre mão da sua base de trabalho — a alfaiataria clássica masculina — embora os novos ingredientes do homem Miguel Vieira resultem numa silhueta fresca e descontraída. A fluidez dos materiais (especialmente visível nas mangas das camisas da próxima estação quente), a paleta luminosa, composta por tons adocicados, e o trabalho de estamparia conferem a este bon vivant uma leveza extra.

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À semelhança de Alexandra Moura e David Catalán, também Miguel Vieira vai apresentar a nova coleção no Porto, dentro de poucas semanas. O Portugal Fashion decorre na Alfândega do Porto, entre os dias 15 e 17 de outubro. Até lá, veja as imagens dos desfiles de Milão na fotogaleria.