Por natureza, os cinco pontos em discussão na Assembleia Geral da Sporting SAD estavam à partida aprovados, tendo em conta que o clube detém a maioria do capital social da sociedade. Assim foi: o Relatório e Contas que teve um lucro de 12,5 milhões, a proposta de aplicação de resultados, a apreciação geral da Administração e do Conselho Fiscal e a cooptação de André Bernardo como administrador no lugar de Miguel Cal passaram de forma larga com sufrágios entre os 627 mil e os 630 mil de votos a favor e 300 a 3.3360 votos contra, além de algumas abstenções. Só mesmo o ponto 5, relativo à política de remuneração dos titulares dos órgãos sociais da sociedade, teve um resultado menos expressivo (427.701-203.366) em virtude do voto negativo da Holdimo, segundo maior acionista da SAD que foi representada pelo administrador não executivo, Nuno Correia da Silva.

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No entanto, e também como espelho do que já tinha acontecido no sábado quando os sócios do clube votaram contra o Relatório e Contas de 2019/20 e o Orçamento de 2020/21 com uma percentagem de quase 70% entre os 3.115 que participaram na reunião magna, esta Assembleia Geral, que teve início às 18h e terminou a altas horas da madrugada (o comunicado com os resultados foi enviado à CMVM às 4h42…), foi marcada pela contestação à atual administração e, em particular, a Frederico Varandas, que foi respondendo a dezenas de questões que foram sendo colocadas por cerca de três dezenas de acionistas presentes. E houve mesmo um requerimento que pedia a destituição por justa causa dos responsáveis, chumbado também já de madrugada.

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De acordo com o requerimento apresentado a Bernardo Diniz de Ayala, presidente da Mesa da Assembleia Geral da SAD, e a que o Observador teve acesso, eram apresentados pontos como o empréstimo de dinheiro da SAD ao clube sem consentimento dos acionistas, entre outras matérias mais ligadas à gestão da sociedade e do futebol. No entanto, existia um outro ponto relevante na missiva: segundo a interpretação do requerente, e à luz do artigo 384.º número 6 do Código das Sociedades Comerciais, nem o Sporting nem a SGPS poderiam votar este pedido de destituição, apresentando exemplos que podiam fazer jurisprudência de outros acórdãos. Ou seja, ao contrário do que aconteceu com todas as votações, o Sporting ficaria em “desvantagem” e à mercê da decisão dos restantes acionistas, incluindo a Holdimo. No entanto, por questões legais como o peso do requerente (menos de 2%), entre outras, o requerimento entregue por Luís Pires acabou por ser rejeitado de madrugada.

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João Benedito, candidato nas eleições de 2018; Pedro Baltazar, candidato nas eleições de 2011; Nuno Sousa, que já se assumiu como candidato nas eleições de 2022; Quito Fernandes, representante do candidato nas eleições de 2018, José Maria Ricciardi; Miguel A. Fonseca, advogado que representou o ex-presidente Bruno de Carvalho; ou os antigos dirigentes Tito Arantes Fontes, Carlos Vieira, Bruno Mascarenhas ou Luís Gestas foram alguns dos participantes na reunião que durou mais de dez horas no Auditório Artur Agostinho, em Alvalade, que começou com uma curta introdução de Frederico Varandas e a explicação dos resultados financeiros do exercício de 2019/20 por Francisco Salgado Zenha, vice-presidente do clube e administrador da SAD.

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Entre o processo de compra e pagamento de Rúben Amorim, as políticas desportivas de reforço da equipa, o caso que envolve as claques, as dívidas que têm sido reclamadas publicamente e que constam também do Relatório e Contas ou outros assuntos ligados à Academia, nomeadamente as críticas pelo facto de um dos campos do local ter agora o nome de Paulo Futre quando o jogador nesse mesmo dia foi fazendo publicações nas redes sociais afetas ao FC Porto, Frederico Varandas foi tentando responder a todas as questões entre momentos mais quentes como quando um acionista lhe disse diretamente que o Sporting era “muita areia para a sua camioneta”.

De acordo com o que o Observador foi apurando em relação a uma reunião longa mas que foi decorrendo dentro da normalidade, Varandas assumiu que só houve uma janela de mercado que não correu bem (no verão de 2019, quando chegaram Jesé, Bolasie ou Fernando); que faz um balanço positivo das posições do clube em termos de transferências desde janeiro de 2019 mesmo assumindo, por exemplo, que a contratação de Wang no negócio com o Wolves falhou – assumindo-se que essa negociação envolvendo Rui Patrício tinha outros propósitos; que os leões acabaram por ser uma espécie de “barriga de aluguer” para o jovem avançado Ansu Fati melhorar o seu contrato com o Barcelona; e que, neste caso em respostas partilhadas com Zenha, a dívida à Gestifute foi adiada na sua maior fatia para 2022 e que parte dos direitos televisivos já terão sido também antecipados.

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“Se juntarmos a isso aquilo que se diz sobre o Tabata, que será pago a partir de 2022, e que outras contratações também estarão a ser pagas ainda nessa altura, esse é o maior problema do Sporting”, resumiu uma fonte que esteve presente na reunião desta terça-feira (e madrugada de quarta-feira) em Alvalade, acrescentando que 2022 será o ano das próximas eleições num clube que continua a ser tudo menos pacífico em termos internos.