A aplicação de rastreio StayawayCovid-19 foi descarregada por 177.470 smartphones entre quarta e quinta-feira, revelou o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).
Segundo o instituto do Porto, entre quarta e quinta-feira, 177.470 pessoas descarregaram a aplicação de rastreio StayawayCovid-19, passando de 1.505.572 downloads na quarta-feira, para 1.683.042 downloads esta quinta-feira.
De terça para quarta-feira, a aplicação foi descarregada por 73.509 dispositivos.
É muito provável que os descarregamentos estejam relacionados com duas coisas, a tomada de decisão do Governo [sobre obrigatoriedade da utilização da aplicação], mas também o jogo da seleção [de futebol] de ontem [quarta-feira], porque nos últimos dois jogos da seleção foi feita muita divulgação. Não consigo avaliar a relação direta, mas que ela existe, existe”, disse à Lusa Rui Oliveira, administrador do INESC TEC.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo ia apresentar ao parlamento uma proposta de lei para que seja obrigatório quer o uso de máscara na via pública quer a utilização da aplicação StayawayCovid em contexto laboral, escolar, académico, bem como nas Forças Armadas, Forças de Segurança e na administração pública.
No seguimento do anúncio do primeiro-ministro, a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) alertou na quarta-feira que tornar o uso da aplicação StayAway Covid obrigatória “suscita graves questões relativas à privacidade dos cidadãos”, adiantando que aguarda pela oportunidade de se pronunciar no Parlamento.
Questionado pela Lusa, Rui Oliveira afirmou que do ponto de vista da aplicação “não há rigorosamente nada” que o INESC TEC possa fazer para evitar que outras aplicações acedam à localização nos smartphones do sistema operativo Android [que liga automaticamente o GPS quando se liga o Bluetooth], sendo da responsabilidade do utilizador ter o cuidado de não permitir que outras aplicações acedam à sua localização.
Quanto ao sistema operativo da Apple, Rui Oliveira acrescentou que “essa questão nunca se colocou”, uma vez que o sistema não ativa o GPS quando se liga o Bluetooth.
Estas questões nunca causaram polémica antes da Stayaway Covid aparecer. Se calhar é mais um serviço que a Stayaway está a fazer socialmente que é chamar as pessoas à atenção de que quando usam uma aplicação, seja ela qual for, têm de ter muita atenção de saber que dados é que essa aplicação está a usar, mas a Stayaway não usa esses dados”, observou.
A aplicação móvel, lançada no dia 1 de setembro, permite rastrear, de forma rápida e anónima e através da proximidade física entre smartphones, as redes de contágio por Covid-19, informando os utilizadores que estiveram, nos últimos 14 dias, no mesmo espaço de alguém infetado com o novo coronavírus.
Caso o utilizador teste positivo para o novo coronavírus, que provoca a Covid-19, a aplicação é desativada, sendo que, antes de o fazer, alerta os utilizadores que tiveram em contacto com os diferentes códigos gerados pelo smartphone de que o mesmo está infetado. Após a recuperação, a aplicação deve ser reinstalada para que o processo de monitorização se inicie.