O Mégane eVision é, nem mais nem menos, do que a reinvenção do hatchback do segmento C no corpo musculado de um crossover do segmento B, sendo exclusivamente movido a energia eléctrica. Ou, escrito de outro modo, é um eléctrico equivalente ao Captur, em termos de dimensões exteriores, mas com uma habitabilidade superior à oferecida pelo actual Mégane a combustão. Foi apresentado como show car, mas com a garantia – dada pelo próprio CEO do Grupo Renault, o ex-Seat Luca de Meo – que o modelo a que vai dar origem poucas diferenças terá face à unidade que acaba de ser revelada e que o próprio patrão da Renault assume ter laivos “futuristas”.

O primeiro modelo da Renault assente na plataforma Common Module Family – Electric Vehicles (CMF-EV), desenvolvida em conjunto com a Nissan – e que o Ariya estreia – possui 4210 mm de comprimento, 1800 mm de largura e 1505 mm de altura. Ou seja, é 2,7 cm mais curto que o Captur, 3 mm mais largo e 7,1 cm mais baixo. Para se ter noção, o Mégane eVision procura posicionar-se como uma “berlina dinâmica” por dar ares de SUV coupé,  sendo mais baixo que o novo Volkswagen ID.3 em 6,3 cm e apenas 5,8 cm mais alto que o actual Mégane – com a Renault a procurar aqui, claramente, um compromisso entre uma estética apetecível e uma aerodinâmica mais apurada.

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Inspirado no concept Morphoz – que tinha a particularidade de esticar e encolher -, do qual herda desde a tampa da tomada da carga iluminada à grelha e à poderosa assinatura luminosa que passará a dar “a cara” pelos futuros modelos da marca, o Mégane eVision aproveita ao máximo o potencial oferecido pela nova plataforma. E isso é particularmente evidente nos dados anunciados para a distância ente eixos, de 2700 mm, valor que supera quer os 2639 mm do Captur quer os 2669 mm do Mégane, mas que, ainda assim, fica a perder para o Nissan Ariya (2775 mm). Contudo, tal não impede Luca de Meo de reclamar para o futuro modelo de produção em série uma habitabilidade incomparável face ao que até agora existe no mercado.

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As prometidas habitabilidade e modularidade do futuro modelo serão fruto quer do facto de a arquitectura permitir um piso plano (suprimindo o tradicional túnel da transmissão), quer de as baterias terem a particularidade de serem “ultra-finas”. Segundo Luca de Meo, o pack tem uma capacidade de 60 kWh, mas apenas 11 cm de espessura, o que, segundo o CEO, “é o valor mais baixo do mercado”. Isso explicará o facto de o peso, face ao Captur híbrido plug-in, se agravar apenas em 11 kg (1650 kg vs 1639 kg). Mas a nova plataforma tem ainda a vantagem de permitir “arrumar” as células  das mais diversas formas e, sobretudo, integrá-las como um elemento estrutural, o que significa que também os acumuladores passam a absorver a energia em caso de embate lateral, minimizando assim o impacto do choque.

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Tal como o Captur, também o seu futuro homólogo a bateria será proposto inicialmente com tracção dianteira, embora a plataforma permita montar um motor eléctrico no eixo traseiro e oferecer tracção integral, à semelhança do que propõe o Nissan Ariya. Porém, não deixa de ser relevante notar que, embora os dois eléctricos da Aliança montem um motor de 160 kW (218 cv) e 300 Nm, que pesa 145 kg, sendo o da Nissan alimentado por um acumulador de 63 kWh (úteis) e o Renault por uma bateria de 60 kWh (não especificado se esta é a capacidade bruta ou útil), anunciem provisoriamente uma autonomia muito distinta.

Enquanto o Ariya de tracção à frente com a referida bateria cumpre 360 km entre recargas, Luca de Meo disse que o Mégane eVision faria 450 km, de acordo com o protocolo europeu de medição de consumos e emissões WLTP. Isso aponta para uma diferença brutal em termos de consumos, de 13,3 kWh/100 km para o crossover compacto francês contra 17,5 do crossover japonês. Além disso, o CEO do Grupo Renault abre desde já a possibilidade de a autonomia ser posteriormente estendida noutras versões. E esta hipótese, mais uma vez, vai ao encontro da alternativa da Nissan, que fixa em 500 km o máximo alcance do Ariya, na versão com tracção dianteira, motor de 242 cv e bateria com 87 kWh úteis (90 kWh de capacidade bruta).

Tal como o Ariya, também o Mégane eVision aceita carga rápida até 130 kW, com de Meo a garantir que meia hora é suficiente para conseguir colocar na bateria energia suficiente para percorrer mais 200 km. Em corrente alterna, o Renault lida com potências de até 22 kW (trifásica) ou 7,4 (monofásica).

A versão definitiva, que como referimos poucas diferenças terá em relação a este show car, será revelada no próximo ano, para que a entrada em produção ocorra no final de 2021, em França.