A Grécia pediu à Comissão Europeia (CE) para considerar a suspensão da união aduaneira com a Turquia em resposta às suas “contínuas provocações”, nomeadamente devido à disputa no Mediterrâneo oriental, apesar dos esforços diplomáticos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros grego, Nikos Dendias, pediu ao comissário europeu para o Alargamento da União Europeia (UE), Oliver Varhelyi, que considere a suspensão total da união aduaneira como “uma mensagem de desacordo com o comportamento ilegal da Turquia”, segundo fontes diplomáticas citadas hoje pela agência de notícias grega ANA.

A União Europeia e a Turquia mantêm uma união aduaneira desde 1995, embora este país negoceie os seus próprios acordos de comércio livre com terceiros países.

Na carta, Dendias assegurou que a Turquia viola unilateralmente os termos da união aduaneira ao adotar tarifas e medidas legislativas não previstas.

Segundo as fontes diplomáticas, a Grécia estaria a organizar uma ofensiva diplomática para enfrentar Ancara.

Neste contexto, a Grécia pretende enviar uma carta ao Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, na qual irá sublinhar o seu direito de invocar a cláusula de defesa mútua, pela qual se um Estado-Membro sofre uma agressão armada no seu território, os outros membros da UE devem oferecer-lhe ajuda e todos os meios à sua disposição.

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Atenas vai enviar cartas ao secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, e ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, garantindo ao responsável norte-americano que o comportamento da Turquia desestabiliza a posição da NATO na região.

A Grécia também enviará reclamações à Agência de Aviação Civil Internacional (ICAO) e à Organização Marítima Internacional (IMO) sobre o anúncio turco de expandir a sua zona de busca e salvamento em águas que se sobrepõem àquelas que a Grécia considera a sua jurisdição.

As relações greco-turcas estão sob nova tensão nas últimas semanas, depois de Ancara enviar o seu navio de exploração de gás Oruç Reis para o sul da ilha grega de Kastellorizo, uma área no Mediterrâneo oriental reivindicada pela Grécia.

Em agosto, este navio permaneceu nesta área por quase um mês antes de se retirar no início de setembro.

No final da cimeira europeia da passada sexta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, criticou o recomeço da exploração de gás turco no Mediterrâneo oriental e lembrou que a União Europeia tinha previsto avaliar a situação em dezembro com vista a possíveis sanções.

Segundo os media gregos, o Oruç Reis ultrapassou esta terça-feira o limite das 12 milhas náuticas e aproximou-se da pequena ilha de Kastellorizo.

O navio teria navegado por cerca de quatro horas com o transmissor de rádio desligado, embora os navios Ataman e Genghis Khan que o acompanhavam tivessem rádios ligados.

O ministro da Energia turco, Fatih Dönmez, garantiu nesta segunda-feira que a conclusão dos trabalhos de exploração sísmica vai demorar cerca de dois meses.

Além disso, o ministro turco afirmou que se as descobertas forem significativas, a Turquia enviará uma plataforma de perfuração rotativa para a área.