O sindicalista Kalidás Barreto, que há 50 anos foi um dos fundadores da CGTP, morreu esta sexta-feira na Castanheira de Pera, disseram familiares à agência Lusa.

Luís Maria Kalidás da Costa Barreto, antifascista de 88 anos, morreu ao início da tarde na sua residência, naquela vila do distrito de Leiria, após doença prolongada que o afastou da vida pública nos últimos anos.

Filho do intelectual republicano de origem goesa Adeodato Barreto, Kalidás nasceu em Montemor-o-Novo, em 16 de outubro de 1932, distrito de Évora, mas muito jovem radicou-se com a família na Castanheira de Pera, onde trabalhou como contabilista em diversas fábricas têxteis. Participou em iniciativas de oposição à ditadura de António Salazar e Marcelo Caetano, designadamente como membro da comissão de apoio à candidatura do general Humberto Delgado à Presidência da República, em 1958, e como organizador da Oposição Democrática na Castanheira de Pera, nas eleições de 1969. Em 1975, na sequência da Revolução do 25 de Abril de 1974, foi eleito deputado à Assembleia Constituinte, nas listas do PS. Desvinculou-se deste partido e participou, em 1978, na fundação da União da Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS), vindo mais tarde a reaproximar-se do PS.

Em 2004, no âmbito das comemorações do 30º aniversário do 25 de Abril, foi agraciado pelo Presidente da República Jorge Sampaio com o grau de grande-oficial da Ordem da Liberdade.

Após ter participado ativamente na criação da Intersindical Nacional, mais tarde Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), em 1970, Kalidás liderou o Sindicato dos Têxteis do Centro, foi dirigente nacional da CGTP e conselheiro técnico de missões portuguesas à Organização Internacional do Trabalho (OIT).

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Colaborou na imprensa regional, sobretudo em jornais da Castanheira de Pera e dos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Lousã, foi provedor do associado do Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres (INATEL) e tem vários livros publicados. Promotor cultural na Castanheira de Pera, defensor do intermunicipalismo, foi homenageado em 2019 no sítio comunitário do Santo António da Neve, no âmbito do Encontro dos Povos da Serra da Lousã, do qual foi um dos fundadores, em 1997, por proposta do jornal Trevim, da Lousã, no qual colaborou longos anos.

Ferro lembra “indiscutível referência” da luta por causas e direitos

“Antifascista, pensador, sindicalista e deputado à Assembleia Constituinte, tinha por ele, desde os anos setenta do século passado, uma grande admiração e amizade”, refere a segunda figura do Estado, numa mensagem de pesar.

Eduardo Ferro Rodrigues recorda Luís Maria Kalidás da Costa Barreto como “uma indiscutível referência da luta pelas causas e os direitos dos trabalhadores”.

Na mensagem, Ferro Rodrigues recorda que, após ter participado ativamente na criação da Intersindical Nacional, mais tarde Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), em 1970, Kalidás Barreto “liderou o Sindicato dos Têxteis do Centro, foi dirigente nacional da CGTP e conselheiro técnico de missões portuguesas à Organização Internacional do Trabalho (OIT)”.

“No momento do seu desaparecimento, endereço à sua família e amigos, em meu nome e em nome da Assembleia da República, as mais sentidas condolências”, refere Ferro Rodrigues.