Duas instituições de ensino superior, várias escolas e uma instituição foram vandalizadas esta madrugada com mensagens racistas e xenófobas nas suas fachadas. Os alvos foram a Universidade Católica Portuguesa, o Instituto Universitário de Lisboa, a Escola Secundária Eça de Queirós, a Escola Secundária de Sacavém, a Escola Secundária António Damásio e o Centro de Acolhimento para Refugiados. As afrontas começaram a ser difundidas através da rede social twitter, esta manhã, por alunos das próprias escolas, que desencadearam uma corrente de denúncias.
https://twitter.com/_marianaflopes/status/1322086539342548992?s=20
Os responsáveis das entidades já vieram comentar os atos de difamação, repudiando o vandalismo. Em declarações à Rádio Observador, a Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Isabel Capeloa Gil, considerou um ataque à instituição e aos seus valores, afirmando que as mensagens são “absolutamente inadmissíveis”.
Universidade Católica vandalizada com mensagens racistas. Reitora considera atos “inadmissíveis”
Entretanto a Reitora da Universidade Católica Portuguesa anunciou, em comunicado enviado aos alunos, que a universidade procedeu a uma denúncia junto do Ministério Público. Na nota Isabel Capeloa Gil justifica a decisão “Pelo conteúdo dos dizeres, este é um crime público”.
Racismo. Universidade Católica apresenta queixa ao Ministério Público
O Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) foi outra das instituições de ensino superior alvo de vandalismo. Em comunicado, a associação de estudantes condenou os atos de ódio: “atos racistas não podem ser tolerados ou confundidos com liberdade de expressão, pois colocam em causa a existência e a dignidade humana”. Manifestaram ainda solidariedade para com “qualquer estudante que se tenha sentido diretamente visado pelo sucedido”.
Não é a primeira vez que algumas das escolas acordam com este tipo de mensagens nas paredes
A diretora do Agrupamento de Escolas Eça de Queirós, Maria Eugénia Coelho, mostrou repulsa pelas mensagens escritas na secundária. À Rádio Observador a docente disse que foram os próprios alunos que se dirigiram à direção para delatar o caso, com a iniciativa de “pintar sobre estas palavras de ódio”. É a segunda vez que a situação se repete na Eça de Queirós.
A diretora da Escola Secundária António Damásio confirmou também as mensagens racistas escritas nas suas paredes, repudiando os atos e defendendo os direitos fundamentais de igualdade.
chego à escola e deparo me com esta merda.
Isto é nojento e muito grave!!! pic.twitter.com/WoxZFIsyCf— ????inês (@denisovichbitch) October 30, 2020
O Conselho Português para Refugiados afirmou igualmente que as suas instalações tinham sido vandalizadas. A organização publicou uma nota no Facebook onde se pode ler: “Após os atos de vandalismo com frases xenófobas e racistas nas paredes exteriores do Centro de Acolhimento para Refugiados, o Conselho Português para os Refugiados (CPR) reafirma o seu repúdio contra qualquer atitude de ódio e violência na sociedade portuguesa, prosseguindo a sua missão e trabalho na promoção e defesa dos Direitos Humanos”.
Na Escola Secundária de Sacavém, é a terceira vez que este tipo de mensagens tem de ser limpo das paredes. À Rádio Observador fonte da escola explica que as paredes foram pintadas de imediato de forma a que os alunos não ficassem expostos às mensagens.
https://twitter.com/iaradsobral/status/1322098608414621699?s=20
Um símbolo comum
Em todas as fotografias há um elemento comum que “assina” as mensagens deixadas nas instituições. Dentro de uma circunferência está inscrito o símbolo grego “lambda”, a 11ª letra deste alfabeto e com equivalência ao número 30 no sistema numérico.
Esta insígnia tem sido utilizada por um grupo de extrema-direita, que se auto intitula de Movimento Identitário, e acredita que a cultura e territórios europeus pertencem, exclusivamente, a pessoas de descendência europeia.
Notícia atualizada às 18h40.