Pelo menos 22 feridos — entre eles um jovem português — e cinco mortos, incluindo um dos atacantes – um simpatizante do autoproclamado Estado Islâmico que foi abatido pela polícia e cuja identidade ainda não foi revelada mas que já tinha sido sinalizado pela polícia. Este é, na tarde desta terça-feira, o balanço atualizado dos ataques terroristas que tiveram lugar nesta noite de segunda-feira em Viena, Áustria e que começaram numa rua onde existe uma sinagoga. As autoridades pedem às pessoas que não saiam de casa e que evitem lugares públicos. Chegou-se a avançar a hipótese de que um segundo suspeito “armado e extremamente perigoso” poderia estar a monte, mas a polícia vê cada vez  provável o cenário de que o ataque tenha sido perpetrado apenas por um atirador. Nas últimas horas, ocorreram ainda 18 buscas domiciliárias e 14 indivíduos foram detidos. A polícia ainda não clarificou, contudo, as razões da detenção. A AFP avança ainda a detenção de duas pessoas na Suíça em conexão com o ataque em Viena.

Na tarde de terça-feira, segundo o francês Le Fígaro, o Estado Islâmico reivindicou o ataque que vitimou cinco pessoas.

Alguns dos feridos estão em estado grave, correndo risco de vida. O jovem português é na verdade um estudante luso-luxemburguês que se encontra hospitalizado, segundo confirmou a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas à Rádio Observador, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter revelado a existência de um português entre os feridos. Berta Nunes diz que o jovem foi ferido “com alguma gravidade” mas que “está estável” e “não corre perigo de vida”.

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Ataques em Viena. “Ferido luso-luxemburguês está estável”

Os incidentes foram sincronizados e verificaram-se em pelo menos seis locais diferentes. Os primeiros tiros foram ouvidos por volta das 20h00 no centro da capital austríaca (19h00 em Lisboa), no Innere Stadt, o 1.º dos 23 distritos vienenses. Os ataques começaram junto a uma sinagoga na Schwedenplatz, confirma a agência Reuters.

Testemunhas descrevem que vários homens dispararam em direção às pessoas que se encontravam em bares e esplanadas. Os “vários suspeitos” estavam armados com espingardas automáticas e o suspeito que foi abatido estava vestido com um pretenso colete de explosivos que se revelou ser falso.

Já esta terça-feira, o diretor de um jornal de Viena – o Falter – indicou no Twitter que o homem que foi abatido pela polícia já tinha sido sinalizado pelas autoridades austríacas. Segundo esta fonte, trata-se de um homem que tinha 20 anos, com ascendência macedónia mas que era nascido e criado em Viena. Mas estava sinalizado desde que tentou viajar para a Síria, como outros 20 austríacos muçulmanos.

Tudo apontava para que outro atirador estaria a monte, anunciou o ministro do Interior austríaco numa conferência de imprensa que teve lugar já depois da meia-noite. No entanto, numa mensagem divulgada no Twitter esta terça-feira à tarde, Karl Nehammer revelou que “a avaliação até agora não mostra evidências de um segundo atirador”, realçando porém que se “está a aguardar por novos resultados”. A polícia confirmou ainda que está à procura de potenciais cúmplices. Até ao momento, a polícia realizou 18 buscas em domicílios e já foram detidas 14 pessoas.

Vários feridos estão em estado considerado grave, um deles um membro das forças policiais. As vítimas foram encaminhadas para diferentes hospitais em Viena, segundo Christoph Mierau, porta-voz da Associação de Saúde de Viena, à ÖRF.

Quanto às vítimas mortais, sabe-se que são dois homens e duas mulheres (todos civis), além do atacante que foi abatido, uma “pessoa radicalizada que se sentia próxima do Estado Islâmico“, como confirmou a polícia. O apartamento desse suspeito foi alvo de buscas, tendo a polícia usado explosivos para abrir a porta. Foram obtidos materiais de vídeo que serão úteis na investigação.

Entre outros alertas, as forças policiais austríacas recomendam que ninguém entre nos transportes públicos e que se evite lugares públicos e o centro da cidade, lembrando que há uma operação policial de larga escala por toda a capital da Áustria.

Karl Nehammer indicou que esta terça-feira as crianças não são obrigadas a ir à escola e repetiu o apelo que a polícia de Viena tem feito incessantemente nas redes sociais: não saiam de casa. Para as famílias que não possam manter os filhos em casa, a cidade de Viena garante o funcionamento das escolas, pedindo às cidadãos, no Twitter, que acima de tudo tenham uma atitude responsável.

Polícia pede a cidadãos que não coloquem vídeos nas redes sociais

Já há vários vídeos a circular nas redes sociais que mostram alguns momentos do incidente, mas as autoridades policiais estão a pedir que sejam retirados da rede. Em alternativa, pedem a quem assistiu ao tiroteio em Viena que as disponibilize à polícia da cidade austríaca através de um site disponibilizado para o efeito. “Se tiver filmagens de qualquer tipo de incidente com tiroteio no centro da cidade de Viena — por favor faça o upload neste link — NÃO partilhe nas redes sociais! Assim pode ajudar-nos”, lê-se numa das publicações.

Numa segunda publicação, a polícia de Viena pede que não se espalhem boatos, acusações, especulação ou número não confirmado de vítimas: “Isso não ajuda em nada! Fique dentro de casa, proteja-se, fique longe de lugares públicos.”

Marcelo Rebelo de Sousa revela que há um português entre os feridos

Marcelo Rebelo de Sousa, numa mensagem enviada ao Presidente austríaco, Alexander Van der Bellen, repudia o ataque, expressa solidariedade e pesar e revela que um dos feridos é português:

“Foi com choque e tristeza que tomei conhecimento do ataque que ontem [segunda-feira] teve lugar no centro de Viena e que provocou a morte de quatro pessoas e diversos feridos, entre estes últimos um jovem português”, lê-se na mensagem que está no site da Presidência da República.

O jovem português é um cidadão luso-luxemburguês que se encontra hospitalizado, segundo confirmou a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas à Rádio Observador cuja situação é grave mas não corre risco de vida.

O Presidente português manifesta o “repúdio por todos os atos de violência” e diz-se convicto “de que estes não lograrão alcançar os seus objetivos”.

Também António Costa tweetou esta terça-feira sobre o  ataque. O primeiro-ministro dirigiu-se ao chanceler austríaco, Sebastian Kurz, para expressar a sua solidariedade. “A Europa mantém-se unida diante da ameaça do terrorismo e da violência motivada pelo ódio”, acrescentou.

Por sua vez, Eduardo Ferro Rodrigues condenou igualmente o ataque e mostrou “choque e consternação”  ao presidente do Conselho Nacional austríaco, Wolfgang Sobotka.

“Foi com choque e consternação que tomei conhecimento do ataque que ontem se verificou junto à Sinagoga de Viena (…) Um ataque que se sucede a várias manifestações de ódio, de violência e de intolerância que, de forma assaz preocupante, têm vindo a emergir das nossas sociedades nas últimas semanas”.

Ainda no próprio dia do atentado, o ministério dos Negócios Estrangeiros condenou o atentado ocorrido em Viena e realçou que “a liberdade religiosa é um valor fundamental”.

“Portugal condena veementemente o atentado cometido em Viena junto de uma sinagoga. Exprimimos a nossa solidariedade para com as vítimas e suas famílias”, pode ler-se na mensagem divulgada na rede social Twitter. A nota divulgada na conta oficial do gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, destaca ainda que “a liberdade religiosa é um valor fundamental”.

Na noite de segunda-feira, o chanceler austríaco reagiu ao tiroteio, considerando-o “um ataque terrorista repulsivo”.

“Estamos a passar por tempos difíceis na nossa república. Gostaria de agradecer a todos os serviços de emergência que arriscam as suas vidas pela nossa segurança, principalmente hoje. A nossa polícia tomará as medidas necessárias contra os causadores deste hediondo ataque terrorista”, escreveu Sebastian Kurz.

Líderes europeus solidários com a Áustria

Emmanuel Macron foi um dos líderes europeus que já reagiram ao atentado. O Presidente francês afirmou, numa mensagem no Twitter, que os franceses partilham “o choque e a tristeza do povo austríaco”.

“Nós, franceses, partilhamos o choque e a tristeza do povo austríaco atingido esta noite por um ataque no coração de sua capital, Viena. Depois da França, um país amigo é atacado. Esta é a nossa Europa. Os nossos inimigos devem saber com quem estão a lidar. Não vamos desistir”, escreveu.

“Estou profundamente chocado com os terríveis ataques esta noite em Viena”, escreveu, também no Twitter, Boris Johnson. “As preces do Reino Unido estão com o povo da Áustria — estamos unidos contra o terror”, acrescentou o primeiro-ministro britânico.

Já Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, escreveu que a “Europa condena fortemente este ato covarde que viola a vida e os nossos valores humanos”. “Nós estamos com a Áustria”, acrescentou.

Notícia atualizada às 16h37 do dia 3 de novembro