Uma injeção, para já, de otimismo. As notícias de que a farmacêutica norte-americana Pfizer obteve resultados animadores na vacina contra a Covid-19, que está a ser desenvolvida em conjunto com os alemães da BioNTech, fez disparar as principais bolsas de valores para máximos históricos, num dia de raro otimismo generalizado que já tinha começado bem com a notícia da eleição de Joe Biden para a Presidência dos EUA, amplamente declarada durante o fim de semana. O Goldman Sachs diz-se ainda mais confiante de que haverá uma “retoma rápida” das economias.

O que vai a “Bidenomics” significar para a economia dos EUA (e para as outras)?

O Dow Jones Industrials disparou 4% na bolsa de Nova Iorque, numa subida histórica para muito perto dos 30.000 pontos no índice. Esta é, dizem os analistas, uma subida suportada em notícias efetivamente positivas e não uma subida relacionada com perspetivas de mais estímulos vindos dos governos ou dos bancos centrais, como aconteceu em outros dias positivos na bolsa de valores que existiram nos últimos meses.

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Na Europa, também o índice das 600 maiores cotadas europeias – o Stoxx 600 – disparou 4% esta segunda-feira e, em Lisboa, o PSI-20 também negociava com um avanço comparável: 3,6% perto das 16h. Até os preços do petróleo dispararam cerca de 10%, num sinal de que os investidores receberam de forma muito positiva as notícias da Pfizer e estão já à espera de que haja mais farmacêuticas/universidades a anunciar bons resultados para as suas pesquisas científicas na área da Covid-19. A expectativa é que também essas possam levar a resultados de eficácia “extraordinários”, como disse o responsável norte-americano Anthony Fauci esta segunda-feira a respeito dos resultados dos ensaios clínicos da vacina da Pfizer.

Foi claro e notório o fluxo dos investidores no sentido de ativos mais arriscados, como as ações, reduzindo-se o apetite por ativos mais avessos ao risco, como as obrigações. Um exemplo paradigmático: as obrigações do Tesouro português começaram o dia muito perto de fazer história, com os juros a 10 anos a milímetros de chegar a zero pela primeira vez, mas o otimismo das bolsas inverteu esse movimento: as obrigações desvalorizaram-se, levando os juros implícitos para um “terreno” positivo um pouco mais firme (0,16%).

Índice Dow Jones Industrial Average em máximos históricos, (desta vez) suportado por notícias positivas e não por estímulos orçamentais ou monetários. Fonte: Google Finance

Este foi um dia de otimismo generalizado que, logo pela manhã, beneficiou da maior clareza em torno do resultado eleitoral nos EUA e, também, depois de o influente banco de investimento Goldman Sachs transmitir uma mensagem de otimismo em relação aos próximos meses (mesmo apesar dos confinamentos que foram anunciados nas últimas semanas por vários países).

“Após seis meses de notícias maioritariamente animadoras, os aumentos recentes na propagação do vírus levaram-nos a moderar o nosso otimismo em relação à economia global”, comentou o Goldman Sachs em nota de investimento emitida ainda antes das notícias sobre a vacina da Pfizer. Ainda assim, “mesmo num cenário mais negativo, é muito improvável que voltemos a ter uma quebra comparável à que existiu em março/abril, porque o mundo já se adaptou aos riscos de surtos através de medidas de higiene como o uso massificado de máscaras faciais que permitem que grandes partes da economia – como a indústria manufatureira e a construção – continuem a funcionar”.

Mas “mais importante”, diz o influente banco de investimento norte-americano, “se estivermos corretos ao antecipar que não tardará a chegar uma vacina segura e eficaz, então a economia deverá voltar rapidamente a um caminho robusto de recuperação“. Essa é uma confiança que o Goldman Sachs diz ter saído reforçada pelos indicadores que mostraram uma retoma clara nos meses de verão, “quando parecia que o pior da pandemia já tinha ficado para trás das nossas costas”.

Nesta fase, “se as políticas orçamentais e monetárias continuarem a dar a maior importância ao apoio dos rendimentos das famílias e dos cash flows das empresas, na eventualidade de novos lockdowns então uma nova retoma rápida parece provável“.