O antigo líder do Partido Trabalhista Jeremy Corbyn não será autorizado a sentar-se na bancada parlamentar trabalhista, decidiu esta quarta-feira o sucessor, Keir Starmer, na sequência dos problemas relacionados com o antissemitismo no Labour.
“As ações de Jeremy Corbyn em resposta ao relatório da EHRC [Comissão de Igualdade e Direitos Humanos] minaram e atrasaram o nosso trabalho de restaurar a confiança na capacidade do Partido Trabalhista de combater o antissemitismo”, justificou Starmer, através da rede social Twitter.
Jeremy Corbyn’s actions in response to the EHRC report undermined and set back our work in restoring trust and confidence in the Labour Party’s ability to tackle antisemitism.
— Keir Starmer (@Keir_Starmer) November 18, 2020
Starmer acrescentou que a decisão vai continuar “sob análise”.
Corbyn foi suspenso do partido, e consequentemente do grupo parlamentar, há três semanas atrás, mas na terça-feira uma comissão disciplinar interna aprovou a sua reintegração no Labour, o que foi criticado por ativistas judeus.
Num depoimento, três organizações, entre os quais o Conselho de Deputados dos Judeus Britânicos e o Conselho de Liderança Judaica, consideraram a readmissão de Corbyn um “passo retrógrado” e disseram que a “montanha a ser escalada para reconquistar a confiança de nossa comunidade apenas aumentou”.
Esta quarta-feira, após o anúncio de Keir Starmer, aplaudiram a “decisão apropriada” e reiteraram a necessidade de “tolerância zero, seja para antissemitas ou apologistas”.
Corbyn foi suspenso por ter recusado aceitar “todas” as conclusões do relatório e alegar que a “dimensão do problema foi muito exagerada” por rivais políticos dentro e fora do Partido e pela comunicação social.
O relatório da Comissão publicado no final de outubro disse ter encontrado “atos ilegais de assédio e discriminação” antissemita durante a liderança de Jeremy Corbyn entre 2015 e 2020, período durante o qual foi candidato a primeiro-ministro duas vezes.
O relatório de 130 páginas, resultado de uma investigação que durou 16 meses, diz ter encontrado “falhas significativas na maneira como o Partido Trabalhista lidou com as queixas de antissemitismo”.
Na terça-feira, Corbyn, eleito pelo Partido Trabalhista desde 1983, procurou clarificar as declarações anteriores, divulgando um comunicado no qual admitia que “as preocupações com o anti-semitismo não são exageradas nem sobrestimadas”.
O que eu queria dizer era que a vasta maioria dos membros do Partido Trabalhista eram e continuam a sendo anti-racistas empenhados e profundamente opostos ao antissemitismo”.