Assim que as vacinas chegarem a Portugal, serão precisos, no máximo, três dias para começar a imunização. A garantia foi dada esta sexta-feira por Francisco Ramos, coordenador da task force criada para elaborar o plano de vacinação contra a Covid-19.
“Não há razão nenhuma para que isso não aconteça”, afirmou o ex-secretário de Estado da Saúde, que participou no programa Gabinete de Crise da Rádio Observador, um dia depois da apresentação pública do plano.
A conversa durante o programa permitiu conhecer novos detalhes sobre como todo o processo deverá decorrer. Francisco Ramos recordou, por exemplo, que o Reino Unido aprovou a vacina contra a Covid-19 apenas para pessoas a partir dos 18 anos e é previsível que a Agência Europeia de Medicamentos faça o mesmo, pelo que “provavelmente, os jovens e as crianças até aos 18 anos não serão vacinados para já, assim como as grávidas, porque os peritos das agências que aprovam a vacina dizem que não há evidência de que deva ser administrada a essas pessoas”.
Ainda relativamente à administração das vacinas, o coordenador da task force explicou que as pessoas que não tenham médico de família terão de contactar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para serem vacinadas contra o novo coronavírus. Isto porque todas as pessoas que façam parte dos grupos prioritários à vacinação, numa primeira fase, nomeadamente aquelas que tenham comorbilidades como insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal e doença respiratória crónica, e que estejam inscritas nos centros de saúde serão identificadas pelos cuidados de saúde primários e “convidadas” a imunizarem-se.
As pessoas que não tenham médico de família poderão pedir uma declaração médica a um médico privado ou de um seguro “que ateste a condição clínica exigida” para a vacinação, mas terão de ser os próprios a contactar o centro de saúde da sua residência para marcarem a vacinação.
O processo de vacinação será agendado com marcação de local, data e hora para que decorra com a fluidez que se impõe.”
No que toca à vacinação dos profissionais de saúde, Francisco Ramos sublinhou que hospitais como o Santa Maria, em Lisboa, o São João, no Porto, e o Hospital de Coimbra têm cerca de 10 mil profissionais e considerou que será necessário fazer um “escalonamento” para saber quem será vacinado no primeiro dia, isto é, as pessoas que os hospitais entendem “como mais relevantes”.
“Esse é um trabalho que deve ser feito com orientações gerais, mas que depois exige uma afinação mais próxima do terreno.”
Francisco Ramos referiu ainda que as farmácias “não estão descartadas” do processo de vacinação, mas a task force optou por recomendar que a imunização ocorresse nos centros de saúde, na primeira fase, uma vez que é nos cuidados de saúde primários que “as rotinas em Portugal estão melhores estabelecidas”.
O coordenador da task force indicou ainda que já existe um espaço de armazenamento para mais de um milhão de doses de vacinas, mas não é divulgado por questões de segurança. Aliás, de acordo com Francisco Ramos, foi o Serviço de Informações de Segurança (SIS) que recomendou que a localização do espaço fosse secreta.
A capacidade desse espaço ultrapassa largamente um milhão de doses e o ponto máximo que nós prevemos de existência em stock no armazém central para essa vacina [da Pfizer] são 800 mil doses.”
Recorde-se que o plano de vacinação contra a Covid-19 foi apresentado esta quinta-feira, no Infarmed, em Lisboa, numa sessão que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, e da ministra da Saúde, Marta Temido.
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O Governo já fez saber que a vacina contra a Covid-19 não será obrigatória e o ex-secretário de Estado da Saúde considera que seria “um erro” se isso acontecesse: “Na minha opinião e, pelo menos por mim, nunca será proposto que a vacina seja obrigatória”. Francisco Ramos reconheceu, ainda assim, que um dos maiores desafios será conseguir a confiança dos utentes, assegurando que há todas as condições para que essa confiança exista.
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