André Ventura criou uma diretiva que impõe sanções aos militantes do Chega que critiquem o partido ou a direção nacional na imprensa, nas redes sociais ou mesmo em grupos de WhatsApp. Foi o presidente do Chega que criou a diretiva 3/2020, uma espécie de “lei da rolha”, que está em vigor desde 2 de dezembro e que foi comunicada aos militantes através de um email, ao qual o Observador teve acesso. André Ventura confirmou ao Observador que este sábado já foi suspenso um militante e dirigente com base nesta diretiva, mas nega que a norma coloque em causa a democracia interna no partido.
Questionado pelo Observador sobre se esta norma não diminui a pluralidade no Chega, André Ventura responde que “não está em causa a liberdade de expressão dentro do partido, está em causa a desorganização e o caos em que não pode viver o partido“. E questiona: “Se eu não tiver mão firme no partido, como posso ter para governar Portugal?”
No email, assinado pelo vice-presidente Ricardo Regalla, é comunicado aos militantes que foi assinada uma diretiva “por decisão do presidente do partido”, André Ventura, que “proíbe todas as referências públicas, na imprensa, em redes sociais ou grupos alargados de conversação, a outros militantes ou dirigentes, com consequências objetivamente negativas para a imagem pública do partido e dos seus representantes.”
Nessa mesma comunicação interna, os militantes são informados que “a partir das 00h de dia 2 de dezembro, serão imediatamente e severamente sancionadas todas as publicações de militantes que se destinem a continuar este permanente clima de guerrilha interna, que favorece os que querem perpetuar a confusão interna e destruir o CHEGA”.
O Observador questionou o líder do Chega sobre se estas sanções “severas” podiam incluir a expulsão do partido, respondeu que “há um procedimento de suspensão imediata da militância e dos cargos exercidos, com efeitos imediatos e recurso para o Conselho de Jurisdição Nacional”.
Entretanto este sábado, já com base nesta diretiva, foi suspenso o militante do Chega Bento Marçal Mestre que, segundo André Ventura é presidente da Mesa de Setúbal.
Na comunicação aos militantes, a direção do Chega lembra ainda que “as redes, as páginas, os grupos, devem servir para combater os nossos adversários políticos e não para manchar o próprio partido”.