“A ideia surge da necessidade de dizer que estamos vivos, de mostrar que o fado está vivo mas que, tal como outras atividades culturais, precisa da ajuda de todos”. É assim que Nuno Fernandes, diretor do grupo Fado & Food Group, que inclui casas históricas como a Adega Machado, o Café Luso ou o Clube de Fado, e responsável pela iniciativa,  descreve ao Observador o que se vai passar no próximo sábado, dia 12. A ideia é simples: das 6h30 às 12h30, com direito a brunch, o público que comprar bilhete, no valor de 15 euros, vai poder assistir a vários concertos de nomes bem conhecidos, como Pedro Moutinho, Ângelo Freire, Ana Sofia Varela ou Rodrigo Costa Félix. O local escolhido é o Clube do Fado e todas as receitas revertem para a União Audiovisual, a entidade que tem procurado ajudar profissionais da área do espectáculo e do entretenimento que passam por dificuldades.

A organização do evento foi bastante prática: contactos via Whatsapp, agilizados por Nuno Fernandes, que rapidamente colheram a aceitação dos músicos e dos fadistas. “A reação foi extraordinária, a lista de presenças cresce de hora a hora, quer de quem faça parte do universo destas casas de fado, quer de outros que se vão juntando. Foi, sem dúvida, um movimento espontâneo”, confessa. Por ter sido feito assim, quase à última hora, o programa não está completamente fechado nem os nomes que vão atuar estão totalmente definidos. Para já, estão cerca de 30 nomes confirmados.

Todos os participantes, ao contrário de muitos movimentos que se têm manifestado, como o “Pão e Água”, mais ligado à restauração, não pretendem exigir medidas ou ser ouvidos pelo governo. Nem sequer foram endereçados quaisquer convites a entidades políticas ou partidárias para que pudessem participar na manhã de fados. Aqui a ideia é outra: mostrar que a cultura é segura, que ir a uma casa de fados é seguro e que estas casas vão conseguir ultrapassar a crise. “Queremos que as pessoas se sintam seguras a voltar, que se sintam à vontade de descobrir ou redescobrir o fado”, garante Nuno Fernandes.

Ainda que não pretenda reclamar medidas, ressalva que as perdas financeiras provocadas pela pandemia, são fortes. “Nos primeiros dez meses registamos um prejuízo de um milhão de euros e é com cada vez maior esforço que conseguimos manter cerca de 80 colaboradores. Das quatro casas, apenas uma está aberta, e só às quintas-feiras e sextas-feiras, sendo que em muitos desses dias nem chega a abrir por não ter público”, afirma. Mas esta situação não é visível só neste grupo. “A situação é dramática e transversal a todas as casas e, por consequência, a todos os artistas que deles dependem”.

Quanto às regras sanitárias e de segurança, Nuno Fernandes garante que serão seguidas todas as normas definidas pela Direcção Geral de Saúde (DGS). Distanciamento social, uso de máscara, limpeza de sapatos através do tapete higienizador, entre outras. Os espectáculos terão lugar no Clube de Fado, em duas salas individuais, onde poderão estar 35 e 30 pessoas, em cada uma. “Temos vindo nos últimos meses a estar abertos ao público com cerca de metade da capacidade em cada uma, para cumprir as regras da DGS. Vamos adotar o nosso protocolo, tal como fazemos todas as noites”, finaliza.

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