Reduzir os contactos e manter a distância física são as recomendações mais vezes repetidas pelo subdiretor-geral da Saúde nos 10 conselhos para a quadra natalícia, que enunciou esta terça-feira, durante a conferência de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Encontros no quintal ou no patamar das escadas do prédio, evitar as cozinhas que são áreas de alto risco nestas celebrações familiares e moderar o consumo de substâncias que levem a trocar mais afetos, são algumas das ideias práticas deixadas por Rui Portugal.
“É uma quadra em que temos de nos adaptar aos novos tempos e à situação pandémica em que nos encontramos”, diz Rui Portugal, subdiretor-geral da Saúde.
O subdiretor-geral da DGS recomenda um planeamento cuidado daquilo que se vai fazer nesta quadra festiva, que deve incluir soluções mais criativas — como fazer um almoço de Natal no dia 24 de dezembro ou fazer uma celebração ao pequeno-almoço —, e que deve ter em conta a gestão das expectativas, sobretudo das crianças e dos mais velhos.
Apesar das recomendações práticas que pretendem ajudar as famílias a planear o Natal, Rui Portugal diz que a DGS não faz recomendações específicas para as épocas festivas, logo não haverá recomendações diferentes para os lares. Cada espaço deverá ter o cuidado de garantir as medidas que sejam apropriadas ao espaço e que estejam de acordado com as medidas que estejam em vigor no concelho onde estão inseridos.
As 10 recomendações para a quadra natalícia
Cumprir regras definidas no âmbito do estado de emergência
“Devemos cumprir todas as regras que estejam em vigor e em vigência nestes dias e neste quadra, que se irá já realizar na próxima semana, relativamente ao nosso concelho, à nossa região e ao nosso país, quer em termos da mobilidade, quer em termos das restrições que possam existir para a aglomeração e ajuntamento de pessoas”, começa Rui Portugal, enquanto enumera os 10 conselhos práticos para a quadra festiva.
Dever de isolamento se assim for determinado
Uma regra “muito básica” que o subdiretor-geral da Saúde considera que devemos sempre relembrar: “Se estiver doente, se algum dos seus familiares [ou conhecidos] estiver doente, com sintomas ou que lhe tenha sido definido o isolamento profilático, essas pessoas — todas — deverão cumprir as regras que lhe foram estipuladas.”
Estas pessoas estão a proteger-se a si e aos outros e “têm o dever, a obrigação e a solidariedade de estarem afastados de todos os outros”. Naturalmente, quem lhes é mais próximo tem também “o dever de lhes dar tudo aquilo que necessitam, porque o afastamento físico não significa afastamento familiar ou social”.
Reduzir os contactos antes e durante a quadra natalícia
“Reduzir os contactos antes desta quadra festiva e durante esse mesmo período”, aconselha Rui Portugal. “Uma boa medida de proteção é que em vez de estabelecermos os nossos contactos e socializarmos com um vasto número de pessoas, vamos tentar — e devemos fazê-lo — reduzir esse número de pessoas substancialmente.” Em termos práticos: em vez de contactar com 10 ou 15 pessoas no dia a dia, fora do agregado familiar, contactar apenas com quatro ou cinco.
Reduzir o tempo de contacto a uma hora ou ao “tempo que for aprazível e gerível”
“Em todos os contactos que devemos ter durante esta quadra, e reunindo com aqueles que nos são mais próximos — se reunirmos como eles —, reduzir todo o tempo de exposição”, diz Rui Portugal. Além disso, é importante saber usar os espaços exteriores, “com o clima que é privilegiado no nosso país relativamente a muitos outros nesta nossa Europa”.
“Em vez de estarmos juntos três ou quatro ou cinco horas, vamos tentar estar juntos, estando presentes, mas num tempo mais limitado de duas ou três horas, ou de uma hora, ou o tempo que for aprazível em termos os contactos e possa ser gerível no sentido de segurança e da responsabilidade das famílias e de cada um, para que possamos evitar dissabores no futuro.”
Reduzir os contactos ao núcleo familiar — os que vivem na mesma casa
“Teremos de ter um comportamento, que é exatamente o contrário do que normalmente sucede nesta quadra, que é reduzir os contactos em termos do núcleo familiar.” Ou seja, a família passa a ser a unidade mais pequena da mesma, apenas aqueles que pertencem ao mesmo agregado familiar ou vivem na mesma casa, explica o subdiretor-geral da Saúde. “Devemos reduzir o contacto com os nossos familiares, mas que não são nossos coabitantes: os nossos irmãos, os nossos pais, os nossos sobrinhos, os nossos tios e amigos que possamos ter — e deveremos ter.”
Contactar com a família e amigos por meios digitais ou no “patamar das escadas do prédio”
“Preferencialmente, devemos limitar todas as celebrações e os contactos, nesta quadra festiva, ao agregado familiar com quem se habita, tendo contacto com os outros membros — tanto quanto possível e desejavelmente — por meios digitais, por telefonemas, por visitas rápidas no quintal de uns e de outros, no patamar das escadas do prédio de uns e de outros, com uma troca simbólica de uma compota que um fez ou de algo que seja aprazível de um contacto humano, um contacto de proximidade, mas com distanciamento físico”, aconselho o subdiretor-geral da DGS.
Distância física sempre e cuidado com as cozinhas
O distanciamento físico, de 1,5 a dois metros, é para manter sempre, seja quando nos deslocamos, nas salas que estamos a partilhar ou na preparação das refeições. “As cozinhas, nesta altura, serão locais de alto risco, visto que são os grandes espaços de convívio entre pessoas e familiares”, alerta Rui Portugal. “Portanto, muita atenção.” Sem esquecer que devemos “evitar de todo os cumprimentos tradicionais”.
Preferir espaços grandes e bem arejados
“O arejamento dos espaços, circulação de ar e espaços de maior volume” são condições necessárias para se terem espaços com maior proteção, lembra o subdiretor-geral da DGS. “Mas ser de maior proteção não significa eliminação de risco, significa meramente ter menor risco.” Medidas aconselháveis, mas que não podem ser feitas isoladamente: a desinfeção das superfícies e dos objetos partilhados também tem de ser garantida.
Lavagem das mãos, etiqueta respiratória e uso de máscara
Manter as medidas de contenção da disseminação do vírus SARS-CoV-2 mais comuns, como lavar ou desinfetar as mãos frequentemente, etiqueta respiratória, distanciamento físico e uso correto de máscara nos espaços fechados. “Podem ver os vídeos da Direção-Geral da Saúde que tão bem o explicam. Portanto, revisitem estes vídeos nesta quadra em que muitos de nós poderão ter um pouco mais de tempo.”
Rui Portugal lembra ainda: “Nas nossas eventuais reuniões familiares, que tenhamos em agregados não-coabitantes, lembrar que, não é porque são nossos familiares, que há um menor risco de transmitir uma infeção de um núcleo familiar para outro núcleo familiar”.
Moderar consumos de substâncias que potenciam “maiores afetividades”
“Se estivermos juntos, com agregados familiares não-coabitantes, atenção à partilha de objetos, como talheres, copos, etc.”, diz Rui Portugal. “Escusado será dizer que se pretende, nestes convívios, uma utilização moderada, racional, de tudo o que possam ser substâncias que possam trazer maiores afetividades.”
O plano de vacinação é da competência da task force, não da DGS
“O papel da Direção-Geral da Saúde é, naturalmente, muito relevante, mas também é muito relevante, e em particular, a task force que foi formada”, que “tem um plano próprio e que é adaptável às circunstâncias”, como a possibilidade de a Agência Europeia do Medicamento antecipar, em uma semana, a autorização condicional de introdução no mercado da primeira vacina contra a Covid-19, diz Rui Portugal em resposta aos jornalistas.
O subdiretor-geral da Saúde remeteu todas as perguntas relacionadas com a vacinação contra a Covid-19 para a task force designada pelo Governo para criar um plano com este objetivo — e que não está relacionada com o Plano Nacional de Preparação e Resposta para a Covid-19, da competência da DGS.
A vacinação, alerta Rui Portugal, não vai ser um substituto das medidas de controlo não-farmacológicas, como distanciamento físico, higiene das mãos e uso de máscara — nem na primeira fase, nem na segunda e, talvez, nem na terceira, diz. “Além disso, não vamos ter vacinações eficazes 100%.” As vacinas, como agora as conhecemos, “podem ter efeito contra a doença, mas não ter efeito contra a transmissibilidade”, lembra.
Sobre a vacinação dos profissionais de saúde, que têm normalmente taxas de vacinação muito baixas para a vacina da gripe, Rui Portugal diz que a gestão desses planos e de eventuais consequências para os profissionais de saúde será feita pela unidades de Saúde Ocupacional das instituições onde estejam inseridos.
Já em relação às pessoas que fazem parte dos grupos de risco, mas não têm médico de família, o subdiretor-geral da Saúde diz que têm de ser os médicos assistentes a identificar as pessoas que são de risco e inclui-las nos grupos prioritários que foram definidos para a vacina contra a Covid-19.