A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou esta segunda-feira que vão continuar a surgir variantes do novo coronavírus e que é preciso acelerar o processo de descoberta e sequenciação genética para as acompanhar.

“Quanto mais um vírus circula, mais oportunidades tem para mudar. Estas mudanças são normais e expectáveis, mas a maior parte pouco efeito tem no seu comportamento”, afirmou a principal responsável técnica da luta contra a pandemia da Covid-19, Maria van Kerkhove.

O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, salientou que é preciso aumentar a capacidade de os laboratórios em todo o mundo serem capazes de descobrir as sequências genómicas das mutações do vírus que forem aparecendo, o que só se consegue com testagem.

Van Kerkhove indicou que as variantes até agora encontradas, originárias do Reino Unido e na África do Sul são diferentes entre si, embora se manifestem na mesma proteína do SARS-CoV-2.

Aquela que foi detetada primeiro no Reino Unido (e, entretanto, em outros países, incluindo Portugal) “não apresenta diferenças significativas nas hospitalizações ou mortalidade” que provoca, reiterou, mas tem maior transmissibilidade, o que se poderá explicar porque as pessoas em que foi detetada apresentam “maior carga viral”, referiu.

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Maria van Kerkhove salientou que os estudos sobre as variantes, em que se procura determinar se são mais resistentes às vacinas já provadas, entre outros aspetos, demoram tempo, referindo que nos próximos dias se deverão conhecer mais conclusões da investigação em curso, pelo menos sobre a variante do Reino Unido. A epidemiologista norte-americana salientou que até agora, “todas as variantes descobertas podem ser controladas com as medidas que já se tomam” desde o início da pandemia.

Quanto às restrições nas fronteiras à entrada de pessoas oriundas de países que comunicam a existência destas variantes, a OMS considera que “mais importante que bloquear fronteiras é tentar diminuir a transmissão” do vírus na comunidade, mas continua a deixar ao critério de cada país o controlo das suas fronteiras.

No entanto, o diretor do programa de emergências sanitárias da OMS, Mike Ryan, salientou que “os países não devem ser castigados” por partilharem abertamente informação sobre a existência de novas mutações em circulação na sua população.

Mike Ryan afirmou que passado um ano sobre a descoberta de casos de pneumonia de origem desconhecida na cidade chinesa de Wuhan, o mundo está mais bem preparado para lidar com uma pandemia como a que ali começou no fim do ano passado, mas que “esta ainda não foi ‘The Big One'”. “Precisamos de estar preparados para algo que pode ainda ser mais grave no futuro”, referiu.