Centenas de migrantes de um campo de tendas destruído pelas chamas no noroeste da Bósnia passaram a noite em autocarros após falhar uma tentativa de relocalização.

As autoridades enviaram autocarros na terça-feira para transferir migrantes do centro de acolhimento temporário de Lipa, que ficou destruído na sequência de um incêndio ocorrido na semana passada, para instalações militares no centro da Bósnia.

No entanto a transferência foi cancelada após a realização de protestos contra a instalação dos migrantes junto ao local para onde seriam transferidos.

Segundo os media locais, hoje de manhã os migrantes ainda estavam dentro dos autocarros.

O centro temporário de Lipa, localizado perto da cidade de Bihac (noroeste da Bósnia), era gerido pela OIM e foi encerrado após o incêndio.

Mesmo antes do incêndio, o campo de Lipa já tinha sido considerado inadequado para abrigar refugiados e migrantes por responsáveis internacionais e organizações não-governamentais (ONG), uma vez que não estava equipado com estruturas adequadas às condições meteorológicas locais, nem tinha abastecimento regular de água e de eletricidade.

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Na terça-feira, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) alertou que perto de 3.000 refugiados de Lipa ficaram sem abrigo e foram deixados ao abandono no noroeste da Bósnia-Herzegovina, onde ficaram acampados, por exemplo, em zonas florestais, sem quaisquer condições para enfrentar as duras circunstâncias do inverno bósnio.

De acordo com aquela agência da ONU, várias centenas de migrantes e refugiados permanecem no local do campo de Lipa, entre escombros e lama, sem acesso a água potável ou a aquecimento, numa grande tenda, a única estrutura que permanece após o incêndio.

Estas pessoas estão a receber, uma vez por dia, alimentos fornecidos pelas equipas da Cruz Vermelha local e da organização humanitária SOS que opera nesta zona, próxima da fronteira com a Croácia, país que é encarado por estes migrantes e refugiados como a porta de entrada para o espaço da União Europeia (UE).

A Cruz Vermelha também distribuiu cobertores, capas de chuva e sacos-cama.

O chefe da missão da OIM na Bósnia-Herzegovina, Peter Van der Auweraert, pediu hoje uma “solução rápida” para estas cerca de 3.000 pessoas sem teto e que estão a enfrentar neve, chuva e temperaturas negativas.

Outros 5.000 migrantes e refugiados vivem em outros centros de asilo ou de acolhimento instalados no território bósnio.

A OIM retirou a sua equipa de Lipa no passado dia 23 de dezembro, após reiterados apelos às autoridades bósnias para que fossem encontrados alojamentos adequados para os refugiados.

No dia da saída da OIM, um incêndio deflagrou no campo temporário de Lipa, que ficaria praticamente destruído.

O incêndio terá sido aparentemente causado por um grupo de migrantes ou por antigos residentes.

A Bósnia, que viveu uma guerra devastadora na década de 1990, tem enfrentado um fluxo de milhares de migrantes que procuram alcançar a Europa ocidental.

Conflitos entre as autoridades deste país etnicamente dividido têm impedido uma resposta organizada a esta crise.

Muitos dos migrantes estão instalados no noroeste da Bósnia, onde esperam atravessar a fronteira com a Croácia para alcançar países mais ricos da União Europeia.