Mais de um milhão de israelitas, o equivalente a 10% da população de Israel, recebeu a primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech contra a Covid-19, no espaço de duas semanas, desde o início da campanha de vacinação. Este é o país a vacinar mais rápido no mundo.
Mas o segredo para esta rapidez parece estar na encomenda antecipada e no pagamento de uma quantia duas vezes superior ao que os outros países pagam, confessou uma fonte anónima à agência Reuters. As autoridades israelitas não revelaram publicamente quanto pagaram pela vacina desenvolvida pela empresa norte-americana Pfizer em parceira com a alemã BioNTech, apesar do ministro da Saúde israelita, Yuli Edelstein, ter admitido que libertar a economia de Israel das restrições impostas pelo vírus justificaria qualquer custo de compra.
Israel, que regista um acumulado de mais de 450 mil casos de Covid-19, foi dos primeiros países a antecipar a compra de vacinas quando em junho passado chegou a acordo com a Moderna. Contudo, a farmacêutica apenas começará a entrega de 6 milhões de doses este mês. Ainda em novembro, Israel tinha também anunciado a compra de vacinas à AstraZeneca e à Pfizer, sendo que a primeira remessa desta última chegou a 9 de dezembro.
A questão sobre como distribuir a vacina foi mais complicada de se resolver. Os planos de recorrer ao apoio militar foram rapidamente abandonados, uma vez que isso obrigaria a ajustes na legislação do país no que se refere ao acesso a dados e registos médicos da população. Sobrecarregar hospitais e clínicas também não era uma hipótese em cima da mesa.
Numa opção inovadora, o país israelita instruiu outros prestadores de serviços de saúde, os chamados HMO (health maintenance providers), a montarem centros de vacinação e clínicas drive-in em estádios, parques de estacionamento, jardins infantis de escolas e, ainda, uma espécie de clínica móvel que se desloca a locais remotos.
Um desses locais de vacinação, é um drive-in montado no estádio Samy Ofer, em Haifa, no norte de Israel, que conta com 10 vias de entrada para carros e outros 22 postos de vacinação. O tempo de espera não é mais que dez minutos — as pessoas são informadas por mensagem da hora em que devem chegar ao local, agilizando o processo de uma forma fluída —, e neste caso não é necessário sequer de sair do carro.
Apesar do rápido arranque, nas próximas semanas o ritmo da vacinação deverá abrandar, tendo em conta que o meio milhão de doses que o país dispõem da vacina Pfizer/BioNTech tende a esgotar-se, além de que começará a ser administrada a segunda dose em quem já recebeu a primeira.
Contudo o país com a maior taxa de vacinação em relação à população, vacinando em média mais de 100 mil pessoas por dia, é também alvo de muitas críticas por deixar de fora nesta fase inicial os quase 5 milhões de palestinianos a viver na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, que terão de esperar mais tempo para serem vacinados do que a restante população.
As autoridades israelitas rejeitam a posição defendida por alguns grupos de ajuda humanitária de que é responsável por fornecer a assistência médica à população palestiniana sob o seu controlo geopolítico.