As Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) disseram esta sexta-feira que já conseguiram “devolver a tranquilidade” ao centro do país, região que tem sido palco de incursões armadas de um grupo dissidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Podemos garantir hoje [sexta-feira] que as Forças Armadas já devolveram a tranquilidade na região centro e nós vamos continuar até que essa paz seja devolvida”, declarou o porta-voz das FADM, Freitas Neto, citado pela Televisão de Moçambique.
Em causa estão as incursões atribuídas à autoproclamada Junta Militar da Renamo, um grupo de guerrilheiros dissidentes do maior partido de oposição acusado pelas autoridades de protagonizar emboscadas e ataques a viaturas nas estradas e aldeias do centro de Moçambique. Para o porta-voz das FADM, o principal objetivo das forças governamentais é garantir que a população e os agentes económicos desenvolvam as suas atividades “dentro da tranquilidade necessária”, permitindo, desta forma, o desenvolvimento do país. Os ataques atribuídos à Junta Militar da Renamo no centro de Moçambique já provocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoas desde agosto de 2019.
Em 24 de dezembro, o governo provincial de Sofala anunciou o reforço das forças militares, numa altura em que o líder da Junta Militar, Mariano Nhongo, manifestava abertura para dialogar, após grandes operações das forças governamentais que culminaram na detenção de três membros próximos de Nhongo, segundo informação avançada pelo chefe de Estado, Filipe Nyusi. O grupo de Nhongo exige melhores condições de reintegração, a renegociação do acordo de paz de 2019 entre o Governo e a Renamo e a renúncia do atual presidente do principal partido da oposição, Ossufo Momade, que acusam de ter desviado o processo de negociação dos ideais de seu antecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico que morreu em maio de 2018.
Na ocasião, Freitas Neto avançou ainda que as forças armadas continuam atentas às ações dos grupos insurgentes que têm protagonizado ataques armados em Cabo Delgado, no norte de Moçambique.
Em relação à região norte, nós conseguimos mapear e monitorar as ações e atividades dos terroristas”, afirmou.
A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, começou há três anos e está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil deslocados, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba. Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico desde 2019. A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) vai reunir-se este mês para debater a situação de segurança na região.