Bill Belichick, lendário treinador dos New England Patriots da liga de futebol americano, decidiu recusar a “Medalha da Liberdade” que poderia ser dada pelo (ainda) Presidente dos EUA, Donald Trump. Belichick manifestou, no passado, o seu apoio ao partido republicano e a Donald Trump mas, depois dos acontecimentos em Washington DC, mudou de ideias e não vai querer avançar com a cerimónia, que aconteceria esta semana.
“Recentemente, foi-me oferecida a oportunidade de receber a medalha presidencial da liberdade, uma oportunidade que me lisonjeou dado o respeito que tenho pela honra que representa e a admiração que tenho por aqueles que a receberam, no passado”, informou Belichick em comunicado. Porém, “depois disso, ocorreram os trágicos acontecimentos da passada semana e foi tomada a decisão de não prosseguir com o prémio”, acrescentou o treinador que, com Tom Brady como seu quarterback, obteve seis vitórias na Super Bowl numa das mais longas dinastias da NFL.
“Acima de tudo, sou um cidadão americano, com grande respeito pela nossa nação, pelos seus valores, liberdade e democracia”, notou o treinador de futebol americano, reconhecendo, também, que “sei que também represento a minha família e os New England Patriots” – e, por isso, a prioridade deve ser continuar o trabalho que a equipa tem feito, tal como outras, no sentido de haver mais justiça social e defesa dos direitos humanos, defende.
Donald Trump tinha-se congratulado várias vezes por ter o apoio de uma figura tão importante do desporto mais popular nos EUA. Na campanha presidencial de 2016, que o levou até à Casa Branca, Trump leu uma carta que Belichick teria escrito a dar-lhe os parabéns por uma “campanha tremenda”. O treinador confirmou, mais tarde, que tinha com Trump uma “amizade de longos anos” mas alertou que “qualquer pessoa que passe mais de cinco minutos comigo ficará a saber que não sou uma pessoa com interesse pela política”.
Vários jogadores da NFL, em vários momentos, manifestaram-se contra Donald Trump. Um caso, mais próximo, foi o jogo disputado em 2017 em Londres pelos Baltimore Ravens e Jacksonville Jaguars se ajoelharam durante o hino – como fez, pela primeira vez, o controverso quarterback Colin Kaepernick – mostrando a sua indignação perante a desigualdade racial que viam nos EUA. Esse protesto em Londres, porém, surgiu como reação ao ataque que o Presidente Trump fez a todos os jogadores que deram a conhecer o seu descontentamento, chamando-os de “sons of bitches” (“filhos-da-mãe”, em português), num comício no Estado do Alabama, e defendendo que estes deveriam ser despedidos.