O Mais Sindicato e o Sindicato dos Bancários do Centro (SBC) pediram ao Santander que suspenda “o processo em curso de rescisões por mútuo acordo”, tendo em conta o agravamento da pandemia em Portugal.

Em comunicado, as estruturas sindicais apelam a este adiamento “até os bancários terem condições para em segurança receberem aconselhamento e informação e, reunidos com as famílias, tomarem uma decisão esclarecida e refletida”.

“Perante o período pandémico que o país atravessa, com o aumento exponencial do número de infetados, de doentes, de internados nas unidades hospitalares e de iminente rutura do SNS, urge travar esta escalada e devolver segurança e condições de trabalho a todos”, dizem os sindicatos, afirmando que “é conhecido, e por todos comprovado, o espírito de resistência e de combate dos bancários portugueses, que nas fases de maior dificuldade e perigo de contágio mantiveram e mantêm os balcões abertos e a atividade bancária em pleno funcionamento”.

Os sindicatos já contactaram o banco para lançar este apelo, lê-se na mesma nota, salientando que “no atual momento é impossível a qualquer bancário possuir as condições adequadas que lhe permita munir-se das informações necessárias e do aconselhamento imprescindível para uma tomada de decisão informada e esclarecida”.

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Para o Mais Sindicato e o SBC, “sujeitar os bancários a tomar uma decisão desta importância, com as consequências na vida destes e das suas famílias” é “obrigá-los a decidir sem toda a informação que deveriam deter ou condená-los a arriscar aumentar o risco de contágio para procurarem e obterem a informação e o aconselhamento que lhes permita, em consciência, tomar aquela que será, porventura, a mais importante e determinante decisão das suas vidas profissionais”.

Santander recusa ter “processo de rescisões por mútuo acordo” em curso

O banco Santander recusou ter “qualquer processo de rescisões por mútuo acordo”.

Numa declaração por escrito, o Santander disse que “partilha as considerações dos referidos sindicatos quanto à coragem e espírito de sacrifício que os trabalhadores bancários têm demonstrado desde o inicio da pandemia”, garantindo que “não tem neste momento, como já referido em diversas ocasiões, em curso qualquer ‘processo de rescisões por mútuo acordo'”.

O Santander esclarece que tem, por outro lado, “proposto a diversos colaboradores nos últimos meses, como o vem fazendo há diversos anos, a possibilidade de uma pré-reforma ou da revogação do seu contrato de trabalho”.

Segundo o banco, “estes contactos foram e são feitos sem qualquer pressão e dando todo o espaço aos colaboradores para responderem como melhor entenderem e quando melhor entenderem”, lê-se na mesma declaração.

O Santander assegura que, não obstante a necessidade — que todos conhecemos — de o setor bancário europeu se ajustar à realidade atual da atividade bancária, esta instituição não deixará em momento algum de ter como primeira consideração a preocupação e a solidariedade com os seus colaboradores”, disse a instituição.

O Santander decidiu “implementar um plano de reestruturação, que, segundo foi comunicado, visa a otimização da sua estrutura, para os anos de 2020 e 2021, com especial incidência neste último ano”, indicaram os sindicatos.

No entanto, “após o início desse processo de reestruturação, ocorreu uma relevante alteração superveniente das circunstâncias, designadamente a implementação pelo Decreto n.º 3-A/2021, de 14 de janeiro, do dever geral de recolhimento obrigatório, que, na prática, resulta num confinamento do país, cujos efeitos são atualmente desconhecidos e imprevisíveis”, referiram.

Tendo em conta o “atual estado de emergência sanitária e as “medidas legais implementadas e a implementar, decorrem efeitos e riscos tão imprevisíveis, quanto gravosos, para os trabalhadores que nesta altura cessem os respetivos contratos de trabalho através de rescisões ou reformas antecipadas”.