Após os dados divulgados pela Unilabs que dava conta de 20 mil infeções pela nova variante britânica, novos dados vêm registar um aumento da transmissão. Portugal já terá, assim, cerca de 30 mil pessoas infetadas com a variante inglesa do coronavírus SARS-Cov-2, revela um comunicado do Instituto Nacional de Saúde Dutor Ricardo Jorge (INSA).

Além disso, segundo Marta Temido e os dados da INSA, a “circulação da variante inglesa está em valores acima dos 13%”.

“Dado ser mais transmissível, ela aumentará naturalmente ao longo do tempo mesmo que o número de casos diminua, como se espera que aconteça com o confinamento. Em face desta realidade, é da maior importância o cumprimento escrupuloso das medidas de confinamento decretadas”, lê-se no comunciado do INSA.

Não há, no entanto, diferença na distribuição etária dos casos Covid-19 — “para ambos os grupos, as faixas etárias mais atingidas são dos 20 aos 50 anos”.

O INSA também revela que não existe qualquer caso da variante oriunda do Brasil e da África do Sul.

INSA. Variante do Reino Unido pode chegar aos 60% dos casos positivos no início de fevereiro em Portugal

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De acordo com Carlos Sousa, o estudo científico da Unilabs extrapola que a variante do SARS-Cov-2, que provoca a doença Covid-19, inicialmente detetada no Reino Unido já é “responsável por cerca de 20% das novas infeções em Lisboa e Vale do Tejo” e que “dentro de três semanas a variante inglesa vai afetar 60% do total de infetados”.

“A projeção do artigo que nós escrevemos, e que foi agora submetido [no INSA], estima que na semana cinco do (atual) confinamento — primeiras semanas de fevereiro — 60% das infeções já serão pela variante inglesa. Será catastrófico, porque se tivermos 14 mil casos por dia ou 15 mil infetados e se forem 60% da variante inglesa, então significa que teremos, por dia, cerca de 10 mil casos só de variante inglesa, que é cada vez mais infecciosa”, adiantou.

Para o especialista em biologia molecular, o “grande perigo desta variante é que tem ela tem uma capacidade de propagação muito alta porque origina cargas virais mais altas”.

A conclusão do estudo é, no entanto, um pouco diferente daquilo que afirma o investigador: “Os dados da distribuição dos casos SGTF+SGTL [que permitem identificar a variante] não parece indicar uma mudança significativa na distribuição das idades quando comparadas com os casos não-SGTF/SGTL”. Ou seja, não há prova que um grupo etário seja mais atingido do que outro em Portugal.

Segundo Carlos Sousa, o estudo e o método, por ser em tempo real, permite às autoridades, por exemplo, decretar um “cerco sanitário numa localidade ou numa freguesia e isso é que é o grande ‘insight’ (visão inovadora) deste trabalho”.

No fundo o que nós conseguimos, e fomos o primeiro país da Europa a seguir a algumas regiões de Inglaterra, é que temos uma monitorização em tempo real de como é que a variante inglesa está a atacar, onde e com que extensão. Por exemplo, sabemos que um ou dois municípios em particular — região de Lisboa com o aeroporto perto e outro na zona Norte —, têm ‘clusters’ da variante inglesa”.

O INSA e a empresa de laboratórios Unilabs desenvolveram uma ferramenta para monitorizar e sinalizar em tempo real a prevalência e a distribuição geográfica em Portugal da variante do coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19, detetada no Reino Unido, permitindo uma melhor atuação das autoridades de saúde pública.

Os investigadores que produziram o relatório apresentam “dados abrangentes” que comprovam que a proporção de amostras desta variante “está a aumentar significativamente em Portugal”.

As conclusões do relatório resultam da análise de 27.096 casos confirmados positivos pelo ensaio “ThermoFisher TaqPath RT-PCR, recolhidos desde 1 de dezembro de 2020, em 287 instalações do laboratório Unilabs distribuídas por todo o continente.

Os investigadores observaram que a proporção de casos da nova variante aumentou de cerca de 1% nas semanas de 30 de novembro a 6 de dezembro de 2020 para 11,4% na semana de 11 a 18 de janeiro deste ano.

Portugal registou esta quarta-feira 219 mortes relacionadas com a Covid-19 e 14.647 novos casos de infeção com o novo coronavírus, os valores mais elevados desde o início da pandemia, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 2.058.226 mortos resultantes de mais de 96,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 9.465 pessoas dos 581.605 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

Notícia atualizada às 21h37 com o novo comunicado do INSA