Receber em casa umas pizzas ou hambúrgueres já todos dão como simples e garantido. Se em vez disso falarmos de umas vieiras coradas com cogumelos ou um foie-gras mi-cuit, o assunto muda de tom… e de plataforma de entrega.
O mundo das apps de entrega ao domicílio deu um salto tremendo à conta das limitações causadas pela pandemia: mais negócios apostaram nessa vertente, menus especiais começaram a ser criados e até novas plataformas começaram a surgir. A portuguesa Volup é uma delas e aposta especialmente num tipo de oferta que os seus concorrentes pouco exploram: a restauração de gama média/ média-alta. Depois de um início mais limitado em termos de quantidade (dispunha apenas de sete restaurantes), a Volup deu agora um salto nesse campeonato, passando a ter sete novas referências em Lisboa: o Delfina, Drograria, Geographia, Laurentina, Pure, Temperatura e Varanda de Lisboa estão agora disponíveis, juntando-se aos originais Kanazawa, Eleven, Essencial, Solar dos Nunes, Terroir, Peixaria da Esquina e Tasca da Esquina.
Mas então o que tem esta Volup, na prática, de tão diferente? Várias coisas. Para lá da distinção óbvia em termos de tipo de restauração, este projeto do jovem empresário Álvaro Meyer não tem grandes limitações em termos do raio de ação das entregas, que vai no máximo de Carcavelos ao Parque das Nações — pode encomendar uma refeição num restaurante de Belém, por exemplo, e recebê-lo em Alfama –; e dá ainda particular importância à componente “experiência gastronómica”, muito graças ao envolvimento direto do cliente.
Porque comida mais refinada requer cuidados mais apurados, várias sugestões dos diferentes restaurantes da plataforma são entregues ainda por terminar, isto para que o prato que pediu não perca qualidade durante o trajeto e também para que possa pôr à prova alguns dotes culinários — mas calma, não é nada de muito complicado e há sempre instruções escritas ou em vídeo para que não se perca nada pelo caminho. Veja-se o exemplo da “temaki party” do Kanazawa.
A ideia de fazer sushi em casa é intimidante mas se o assunto for temakis (aquela espécie de cone de alga recheado com arroz, peixe, vegetais e outros toppings), como o Observador pôde experimentar, tudo fica mais simples. Esta opção do menu do chef Paulo Morais, corpo e alma do prestigiado Kanazawa (considerado por muitos um dos melhores japoneses do país) é um bom exemplo de como é valorizada não só a comida mas também a experiência de comer.
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Receberá um saco com três recipientes: um só com molhos de soja, outro com porções de arroz do tamanho de um polegar e outro, maior, cheio de peixe fresco já cortado. “No instagram do restaurante há um vídeo a explicar como deve fazer os temakis. Bom proveito”, diz o jovem bem vestido que entrega a refeição. Depois de o consultar, preparamos uma simples linha de montagem de temakis (um conjunto generoso de seis custa 30€) e dá-se largas à imaginação no que toca à combinação de ingredientes. Tudo chega fresco e, quase mais importante que isso, bem acondicionado, realidade que nem sempre acontece neste tipo de serviços de delivery e que muitas refeições já estragou (uma curiosidade: as mochilas onde vem a comida é um modelo original feito em Portugal).
A “temaki party” é só um exemplo de como esse fator experiência é valorizado, há opções semelhantes como o Arroz de Carabineiro (60€) do Essencial, que lhe chega “às peças”, pronto a ser montado numa travessa e levado ao forno. Se não gostar de sujar as mãos e pretender algo mais “comer e largar” também vai encontrar por lá. No fundo, em termos de utilização da aplicação, tudo é muito semelhante às outras que já existem. É mesmo a aposta num segmento mais premium (mas sem loucuras) que distingue a Volup de outras como a Uber Eats, Glovo ou Bolt Food. É ligeiramente mais caro? Sim, mas aquilo que se recebe também é mais aprumado. Pode não ser algo para safar um almoço rápido mas, em tempo de preocupações e confinamento, uma refeição mais especial aqui ou ali pode dar um alento importante.