Os portos de Cabo Verde movimentaram em 2020 um total de 757.011 passageiros, uma quebra de quase 30% face ao ano anterior, explicada com os efeitos da pandemia de Covid-19, que obrigou à suspensão das ligações interilhas.

De acordo com o relatório de tráfego anual elaborado pela Enapor, empresa pública cabo-verdiana responsável pela gestão dos nove portos do arquipélago, no espaço de um ano foram transportados menos 314.249 passageiros (-29,3%).

O Porto Grande e o Porto Novo, respetivamente nas ilhas vizinhas de São Vicente e Santo Antão, totalizaram 72% do movimento de passageiros em 2020, enquanto que o da Praia apenas 9%. O porto da capital perdeu mesmo 45,4% do movimento, face a 2019, caindo para 66.288 passageiros movimentados (embarque e desembarque).

A CV Interilhas, liderada (51%) pela portuguesa Transinsular, detém a concessão do serviço público de transporte marítimo de passageiros e carga, durante 20 anos, sendo atualmente a única empresa a operar neste setor no arquipélago.

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Segundo os dados da Enapor, os portos de Cabo Verde movimentaram, globalmente, 6.437 navios em escalas (-18,1%) durante o ano de 2020, enquanto o movimento de mercadorias também caiu (-18,7%), para 2.167.156 toneladas.

As ligações marítimas de passageiros foram suspensas pelo Governo de Cabo Verde entre final de março e meados de maio, com o estado de emergência, para conter a transmissão da covid-19.

Desde 3 de setembro que os navios que garantem essas ligações interilhas podem usar até 75% da lotação nas viagens superiores a três horas e meia, contra os 50% estipulados desde a retoma do serviço em maio, devido à pandemia de covid-19, conforme previsto numa resolução do Conselho de Ministros.

As alterações visam especificamente o transporte marítimo, alterando a definição anterior, que obrigava a que a lotação dos navios devia “respeitar o distanciamento social mínimo de 1,5 metros”, o que se traduzia, até então, numa ocupação máxima de 50% da capacidade dos navios.

Aquando da aprovação desta resolução, o Governo explicou que as alterações permitiriam às viagens interilhas com tempo de duração inferior a três horas e meia uma ocupação de 100%. A medida pretendia “manter a vigilância e reforçar as medidas de combate ao covid-19”, mas também “iniciar uma atividade gradual da retoma económica e circulação das pessoas entre as ilhas por via marítima”.

A administração da CV Interilhas admitiu em agosto perdas de 4,5 milhões de euros em 2020, devido à covid-19, necessitando de uma compensação financeira do Estado.

O Governo cabo-verdiano já antecipou o objetivo de rever o contrato de concessão do serviço público de transporte marítimo interilhas de passageiros e mercadorias, atribuído à CV Interilhas, que face às ligações comercialmente deficitárias recebe um subsídio do Estado.

O país regista um total de 13.139 casos positivos acumulados desde 19 de março, 120 mortos e tem atualmente 695 casos ativos da doença.