O primeiro-ministro verbalizou na noite desta quarta-feira o que já se esperava, que dificilmente as aulas presenciais vão regressar dentro de 15 dias e que nessa altura o ensino será retomado mas online. António Costa rejeitou também que exista “um preconceito” sobre os privados que “ninguém proibiu ninguém de ter o ensino online”.

No programa a Circulatura do Quadrado, na TVI, onde foi convidado especial, António Costa confessou que não acredita “que daqui a 15 dias possamos regressar ao ensino presencial”: “Não estaremos perto” disso. António Costa tem esta expectativa e também avisa já que nessa altura o país “não deve prosseguir a interrupção” escolar e que “deve retomar o ensino online”.

Sobre o debate que existiu sobre a interrupção escolar durante 15 dias e a impossibilidade de as escolas avançarem com matéria, o primeiro-ministro afirmou que “ninguém proibiu ninguém de ter o ensino online” e que essa é “uma discussão fantasma”. O primeiro-ministro explicou o encerramento das escolas com os “indícios de presença significativa da variante inglesa que até se admitiu que podia ter incidência particular sobre os jovens”. E que só aí as pessoas começaram a levar mais a sério o confinamento. E ainda defendeu o ministro da Educação, dizendo que o que Tiago Brandão Rodrigues disse foi que “uma interrupção de 15 dias e fácil de compensar no calendário escolar”.

Na semana passada, quando anunciou esta interrupção letiva, o ministro disse que ela era “para todos” e que tinha “muito respeito pelo ensino particular e cooperativo, mas o ensino particular e cooperativo não são as nossas universidades e institutos politécnicos, com o grau de autonomia que têm”. Brandão Rodrigues disse ainda que o “ziguezaguear, espreitar sempre a exceção ou tentar fazer diferente é o que nos tem causado tantos problemas em termos sociais. O cumprimento estrito das regras é algo que deve acontecer. Todas as atividades letivas estão interrompidas durante este período“, disse quando questionado sobre a possibilidade de os privados manterem aulas online.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Arrependimento do Natal

O primeiro-ministro afirmou ainda nesta conversa transmitida pela TVI e depois pela TVI24 que “nesta 3ª vaga as coisas estão claramente a correr muito mal, pelo crescimento exponencial dos casos” e que isso se explica pela “confluência entre uma nova variante inglesa e as regras do Natal”. Ainda assim, defendeu-se sobre essas medidas menos restritivas, dizendo que se tivesse “tido conhecimento atempado da existência da variante inglesa, o quadro de medidas do Natal teria sido diferente e as restrições de janeiro tinham entrado em vigor a 26 de dezembro”.

A situação grave que o país enfrenta está para durar, segundo o primeiro-ministro, já que o país vai assistir a esta “tensão ainda por mais umas semanas seguramente”. E isto porque atingirá “o momento em que os novos casos por dia vão deixar de subir, a variação diária vai começar a baixar, e só depois disto começaremos a baixar o número de pessoas que precisam de internamento e só depois disso o número de óbitos por dia”.

Quando questionado sobre a razão que o levou a hesitar em pedir o estado de emergência, Costa disse que achou que “mesmo sem estado de emergência as pessoas acatariam as restrições”, como aconteceu no início do primeiro confinamento. E disse ainda esperar “que nunca venhamos a estar numa situação como a que existe na Holanda onde neste momento há batalhas de rua sobre manutenção das medidas”.

Eleições traduziram “apreço generalizado” por Marcelo

No início do programa, António Costa foi ainda questionado sobre os resultados eleitorais do último domingo e disse esperar que Marcelo Rebelo de Sousa “no segundo mandato seja igual ao primeiro mandato” e que as “eleições traduziram apreço generalizado pela forma como Marcelo Rebelo de Sousa exerceu o primeiro mandato e foi o voto de confiança na continuidade que traduziu este resultado eleitoral“. Também rejeitou que Marcelo tenha sido pouco exigente com o Governo.

Sobre o resultado de André Ventura diz que tem “causas várias”, uma delas é a centralidade dada ao líder do Chega no espaço público, e que duvida que “alguém que apoie o Governo tenha votado em André Ventura”. E encerrou este capítulo garantindo que no PS “todos tiveram motivos para festejar”, tanto os que votaram em Marcelo, que ficou em primeiro, como os que votaram em Ana Gomes, como os que votaram em João Ferreira para “fortalecer” o parceiro do Governo.

E não se mostra arrependido da estratégia de não ter tido o partido que lidera a apoiar um candidato, já que o PS tem responsabilidades de governação neste momento, que o país está “no meio de uma pandemia e numa crise económica profunda” e que “a última coisa que devia fazer era desfocar-se da governação”. Também diz que a forma como o Governo tem estado a atuar “não esteve em juízo no domingo”. Recorde-se que Marcelo, no seu discurso de vitória, disse que a gestão da pandemia também tinha sido escrutinada nestas eleições, nomeadamente o seu papel.